Olho para seu rosto e percebo que estou te perdendo, perdendo o que nunca foi meu. Queria poder culpar o mundo, o destino, qualquer um, mas não posso, pois sei que a única culpada disso tudo sou eu. É triste saber que estou te deixando ir, quando podia fazer tanto para impedir. Estou te deixando ir, estou te deixando seguir sua vida, esquecer que eu existo, se apaixonar ou não... estou te deixando livre. Livre de mim.
Queria ser capaz de falar o que sinto, o que deixo de sentir, minhas vontades e meus gostos. Queria poder te conquistar ao pouco, deixar o destino agir por entre nós dois, e quem sabe algum dia poder chamar-te meu. E ao invés de tudo isso, ao invés de tentar, eu apenas me escondo por trás de palavras, por que é o que eu sempre faço, é a única coisa que sou capaz de fazer. Sinto-me sem chão e a primeira coisa que faço é agarrar-me às palavras, ao meu diário pessoal que é esse blog. E nele digo tudo o que eu mais queria ter coragem de te dizer. Digo, por que sei que jamais lerá.
Dizem que, por falta de coragem, perdemos as maiores chances de nossas vidas. Provavelmente seja, e muito provavelmente, eu esteja te perdendo por isso. Quem sabe, se eu tivesse coragem para te dizer pelo menos metade de tudo, de todo o inexplicável e enigmático mundo de mim mesma, corresse menos risco de perder-te eternamente. Mas de que adianta, agora? Temos poucos meses, poucos encontros, poucos sorrisos... e daqui a algum tempo, muito pouco tempo, você irá embora, sem esquecer de que eu existo, por que na verdade não lembra nem agora, por que não faz diferença para você. Já eu, vou respirar fundo, contar até dez, cem, mil se necessário, e sorrir para todos, fingir que estou feliz, quando tudo o que queria era me encolher por debaixo das cobertas e chorar, chorar todas as mágoas que eu mesma me causei.
Tão perto e, ao mesmo tempo, tão distante. Você consegue se fazer presente, e ao mesmo tempo, nunca senti alguém tão longe de mim. E tua presença, essa tua doce e serena presença, jamais me passa despercebida, por que apenas eu reparo em ti, assim como queria que você, pelo menos uma vez na vida, reparasse em mim. Tua presença está sempre aqui, a inebriar-me o ser, mas ao mesmo tempo, sempre machucando-me mais do que tua ausência jamais faria.
O problema de tudo isso é que, apesar de todos os "mas", eu já estou viciada em você, na dor que me causa, na tua presença inebriante e na tua dor dilacerante, viciada em cada minúcia tua. Sou masoquista, eu sei, pois gosto de sofrer, gosto da dor que me causa, gosto de tudo isso. E ao mesmo tempo odeio. Amo amar-te, ao mesmo tempo que desejaria jamais ter te conhecido. Queria não sentir o que sinto, e ao mesmo tempo, tenho medo de jogar tudo para o alto e, algum dia, ter de viver sem tu dentro do meu peito. Peito meu, que bate incessante e exclusivamente por ti, embalado pelas batidas de teu coração, doce, puro e ingênuo coração.
E enquanto me escondo por trás de mais essas palavras, você se vai. Para longe, muito longe. Quem sabe para algum lugar onde eu não possa mais te ver. Chorarei, como tenho certeza de que tu não farás, afinal, quem partes é tu, não eu. Sofrerei, como tenho certeza de que tu não farás, afinal, quem ama sou eu, não tu. Fingirei sorrisos, fingirei felicidade, serei aquela garota sempre sorridente. Enganarei a todos, por sabe-se lá quanto tempo. A todos, menos a ti, menos a mim. No fundo de tua alma, sempre saberá que sofro só por ti, que morro só por ti. E eu, é claro, sempre saberei de toda a dor que vem de ti, e a usarei para erguer os pilares que sustentarão minha monumental falsa felicidade. Afinal, além da rocha, essa dor é a coisa mais permanente que já existiu. Pelo menos enquanto durar.
E enquanto durar, meu peito estará latejando. Latejando por ti, e apenas por ti.