Aquele coração partido, cujas feridas latejantes a impediam de pensar, cuja dor não a deixava conter as lágrimas, cujas cicatrizes durariam eternamente... aquele coração partido a fazia ser quem era. E depois de um tempo, ela começou a viver apenas para ele, exclusivamente para aquele coração ferido e destruído, em ruínas por causa de tudo o que passara. E achava que era feliz, realmente achava... até ver que não era.
Como queria eu que aquela pequena garotinha não sentisse tamanha dor, mas era impossível. Ela já estava envolta demais em tudo aquilo, perdida em seu próprio mundo, trancada em seu casulo junto ao seu coração partido.
Durante meses ela chorou, sentindo-se fraca e acabada, vencida por obstáculos que ela nem ao menos fazia ideia de que existiam. Durante meses, tudo parecia encontrar-se em tons de cinza, e nada mais tinha aquela emoção que antes ocupava o lugar em seu coração onde agora estavam as feridas. Durante todo aquele tempo, tudo o que ela queria era alguém para curar seu coração ferido, fazê-lo sarar. Até que, em uma noite morna de primavera, o casulo rompeu-se, e a garota deu seu passo em direção ao mundo. O mundo que, agora, era todo seu. Seu, por que agora ela estava curada, havia curado a si própria sem dar-se conta, sozinha, apenas com a ajuda do tempo.
Mas o caminho até lá tinha sido longo, muito longo. Sofreu demais, sentiu demais, chorou todas as lágrimas que tinha... tudo aquilo para chegar àquele momento, para ter a chance de ver as cores do mundo novamente. E agora que estava lá, ela sabia que tudo tinha valido a pena, pois finalmente ela viveria novamente.
Por que corações partidos nunca mataram ninguém, e ela não seria a primeira.
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