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terça-feira, 29 de abril de 2014

Trejeitos

E aí aparece tu, tu e teu jeito manso, tua conversa tranquila, sem pressa, sem tempo e sem fim. Tu vens e, por um segundo, eu não sou mais quem era antes. Sou uma extensão de ti, encontro em mim algo que nem mesmo conhecia. Me renovo, me refaço, e tu continuas ai. Os mesmos trejeitos, o mesmo nome, e alguém novo a cada instante.
Tu vens e já não vejo quantos minutos se passam. Espero por cada resposta, cada sinal, cada nuance, porque sei que, assim que aparecem, elas me fazem conhecer melhor aquela que eu mesma sempre fui. Não é como se tu me mudasse, mas sim como se me conhecesse tão bem que até teus gostos são iguais aos meus, teus interesses me interessam também, e de alguma maneira absurda, tu me completas em vários sentidos que ninguém jamais foi capaz de fazer.
Só quero a certeza de que não estou enlouquecendo, ou que tu não és assim com mais ninguém além de mim, porque não quero me iludir como tantas vezes antes. Sou boba, crio histórias enormes dentro de uma frase, e novamente estou fazendo isso. Mas a culpa é tua e só tua. Tua e dessa tua tranquilidade, do aguardo, da sensação que tu me traz de que não temos data de validade, que a vida não é tão curta quanto parece e que temos todo o tempo do mundo.
E talvez tenhamos mesmo. Pelo menos por alguns instantes.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Tempo

Já diz Luis Fernando Veríssimo, "para os amores impossíveis, o tempo". Só o tempo. Tempo para esquecer, para superar, seguir em frente. Para amar melhor depois de perceber que não é para ser. O tempo necessário para se perceber que nem todas as coisas tolas serão capazes de fazer com que se concretize, e que às vezes querer não é o suficiente.
Talvez o amor não seja impossível, de qualquer maneira. Mas quando ele soa como café frio pela manhã, sabemos que algo precisa ser mudado. E esse algo é o tempo. Queremos tudo para agora, para hoje, no máximo amanhã, e isso acaba nos fazendo jamais ganhar. Porque as coisas precisam de tempo para acontecer, tanto no amor quanto na dor.
E, para os amores impossíveis, o tempo. Tempo para deixarem de ser impossíveis. Para se transformarem em reais, ou simplesmente deixarem de existir. Quando estiverem no passado, as lembranças restarão, mas não haverá a necessidade do tempo. Porque, para o passado, o tempo já não é mais importante. O que contam são os segundos em que sorrirmos. Mas só podemos começar a sorrir a partir de agora.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Por Ser Tu

Eu tentei. Esperei, quase até orei para que tu viesses até mim, e cara, foi tão perto que eu quase pensei que estivesse sonhando. Ai, tu desiste no meio do caminho. E eu fico me perguntando o porquê.
Não sei como tu interpreta os sorrisos que te dou, e que nem ao menos são voluntários. É só que eu te vejo e simplesmente não consigo deixar de sorrir, como se tu tomasses o controle dos meus lábios sem ao menos tocá-los. E é engraçado eu ver a mesma coisa acontecendo contigo, e mesmo assim, te esperar quase com a certeza de que estou esperando em vão.
O pior de tudo é que eu te espero! Digo para mim que te esqueci, que tu já és passado, mas tu voltas a cada tanto e me mostra que, meu Deus, eu não consigo te esquecer! Posso passar o resto de meus dias tentando te superar, mas sempre haverá algo em mim que tamborilará sempre que eu te vir passar. E quando me olhas... ah, aí eu me perco, me entrego, me esqueço de mim. Ai, só existe você, e eu me permito imaginar tudo que poderíamos ser se não fossemos nós dois, e se tu não fosses quem é, e se não fizesses o que fazes, e se eu não fosse tão boba.
A vida tem dessas coisas, tem desses dias, tem dessas histórias. A vida me engana e eu me deixo enganar. Me ilude e eu me deixo iludir. Me perde e eu me deixo perder. E, no meio disso tudo, tu. Eu orbito em ti, e a verdade é que, passe cem ou duzentos anos, isso nunca vai mudar. Tu sempre estarás em mim. É melhor eu aceitar.

Querer

Queria você de presente de aniversário. Queria seu abraço apertado, seu sorriso sincero, seus sonhos junto aos meus. Poder pegar na sua mão e te ver sorrindo por minha causa é provavelmente uma das melhores coisas que posso imaginar para a minha vida. Isso porque você me completa de maneiras que eu nem ao menos compreendo, nem julgava ser possível.
Às vezes me pego a pensar no motivo pelo qual seu olhar doce se tornou tão essencial para mim. Posso até imaginar seu cheiro, ou o doce toque de sua mão contra a minha. Quase sei exatamente a sensação de te ver olhando nos meus olhos, tão próximo que posso sentir sua respiração, enquanto sorri e diz que eu sou única, de uma maneira estranha que só nós compreendemos. Esses pequenos momentos têm habitado meus sonhos há meses, me impedindo de dormir direito, me impedindo de simplesmente esquecer.
Só queria você para a vida inteira, para o tempo todo. Queria você para ser meu "Para Sempre". No final, ninguém jamais se encaixou tão bem em mim quanto você.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Minha Luta

Meu corpo todo treme insistentemente, pedindo para eu sair correndo sem olhar para trás, esquecer tudo e seguir em frente. Sei que deveria evitar os danos futuros, e a razão me pede para partir antes que seja tarde demais. Mas meu coração, ah, meu coração... Esse me pede para ficar mais um pouco, para ficar para sempre. Pede para que eu ignore todos os meus motivos e me jogue em teus abraços uma vez mais, e então mais uma, até que você se canse de me abraçar.
Sinto essa luta em mim, e minha mente se torna o campo de batalha. Me machuco no processo mas, ainda assim, as duas faces de mim são teimosas demais para se darem por vencidas. E eu, cansada e ferida, observo distante a destruição iminente que você causou em meu ser.
E lá vão elas, razão e emoção, batalhando pelo controle de meus atos. Se de um lado está minha consciência, e sei que é a este que devo obedecer, de outro está meu coração, decidido a ferir-se ao invés de simplesmente desistir. Não me deixa dormir, não me deixa pensar. Não sem antes me fazer perceber que ainda vacilo ao pensar em te deixar para trás.
O pior é saber que partir é o certo a se fazer mas, mesmo assim, não ter a força e a coragem necessárias. Vacilo a cada passo, adio o adeus, arranjo desculpas bobas e motivos para evitar a despedida, e isso me consome e me corrói. Me faz mal, e qualquer um percebe, mas mesmo assim insisto em dizer que ainda há esperança.
Não sei se isso é verdade, e temo jamais descobrir. Quem sabe, no meio dessa guerrilha, na qual sei que vou perder mais do que ganhar, eu me torne mais uma sobrevivente, mais uma dessas pessoas que vivem às sombras de algo que um dia ad preencheu.
Ou então aprendo a escolher, me decido de uma vez, e com sorte, simplesmente te deixo partir. No final, isso é o certo a se fazer.