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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Me descobrir

Quem eu sou?
Sou aquela estranha viciada em café. Que gosta de escrever por que acha que isso a permite pôr para fora o que ninguém mais quer ouvir. Que cansou de procurar a beleza em si própria, porque percebeu que nem tudo pode ser totalmente belo, mas nem totalmente feio.
Sou aquela menina tímida do canto da escola. A da risada escandalosa e que passa vergonha mais constantemente do que qualquer outra pessoa. Que não sabe quando deve calar a boca, esquece da hora e fica vermelha por qualquer coisa.
Provavelmente, você já me viu por aí. Ou, pelo menos, deveria ter visto. É que, às vezes, eu passo um pouco despercebida, afinal, não tenho nada de tão especial. Quem sabe meu sorriso espontâneo seja mais verdadeiro do que muitos por ai, ou meus olhos brilhem mais intensamente diante de uma surpresa boa. Mas quem se importa com isso, quando nem ao menos me conhece?
E eu gosto de ser quem sou. Geralmente, é fácil ser eu. É cômodo colocar meus problemas em palavras escritas ao invés de discutir. Gosto de ouvir músicas que ninguém conhece, ou de gastar tanto tempo lendo que esqueço de fazer qualquer outra coisa. Me sinto bem dessa maneira. Querendo ou não, pareço singular.
Melhor do que ser aquela parte de um todo, que se difere dos outros apenas pelo manequim que veste.
E eu sei que sou exatamente quem deveria ser. O que mais poderia pedir?

Amanhã

Amanhã, quem sabe, eu tome meu café olhando pela janela, como todo o dia, sem saber que, ao sair de casa, algo acontecerá e meu mundo virará de cabeça para baixo. Talvez eu pare de me queixar de tudo que não me agrada e comece a tentar mudar a maneira como vejo o mundo. Quem sabe eu perceba que a vida não se resume a respirar, mas a aproveitar cada momento como se fosse o último, até que ele finalmente o seja.
Talvez eu dê uma folga no trabalho apenas para olhar para o céu e tentar achar formas nas nuvens. Faz muito tempo que eu não faço nada assim. Acho que às vezes é bom voltar a ser criança e perceber a beleza escondida nas coisas mais simples da vida. Faz tempo que eu também não faço isso.
Amanhã, quem sabe, eu faça minha vida valer a pena, mesmo que apenas por alguns instantes. Talvez eu me lembre de como é viver por um motivo, não apenas por que não se quer desistir de um futuro melhor, do qual eu nem corro mais atrás, por que aprendi desde cedo que acreditar nos sonhos que se tem é se iludir. E, quem sabe, eu o faça acontecer algum dia.
Talvez, o dia de amanhã chegue. Talvez eu esteja viva para ver o próximo amanhecer. Assim não morrerei pensando que minha vida foi desperdiçada. E se não chegar... bem, pelo menos eu percebi meus erros. Não é esse o primeiro acerto?

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Necessidade

Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu falta de algo que jamais foi seu. Que julgue primeiro quem nunca se sentiu sozinho. Faz parte do ser humano sentir carência daquilo que, na verdade, nem era para ser seu, para começo de conversa.
E ele sofre. Sofre por não ter o que jamais terá, e apesar disso, precisar daquilo mais do que do próprio ar. Esquecer o que é seu e lembrar apenas do que poderia vir a ser, se aquilo fosse um conto de fadas. Mas não é.
É difícil notar a mim mesma como um desses seres falhos que procura sempre o que não tem como objeto de desejo. Como aquilo que traria a felicidade. Dependente, assim como todos os demais, me escondo na escuridão e finjo não me importar com o que não tenho, enquanto essa necessidade toma conta de meus dias, as rédeas da minha vida. E eu deixo essas rédeas serem tomadas de mim assim, como o vento, escorregando por entre meus dedos.
Por que estou ocupada demais me preocupando com o que gostaria de ter. Por que sou humana, assim como qualquer outro. Passível de erros, uns maiores, outros menores, mas sempre erros.