Se eu acho 245 pessoas um grande número? Depende. Se se tratar de uma manifestação pelo meio ambiente, um protesto para melhora das rodovias, um movimento anti violência doméstica ou mesmo uma festa, não. Se se tratar de número de mortos em uma tragédia na madrugada de um domingo que deveria ser absolutamente normal, a faceta muda.
Esse post vai diferente dos demais. Sem foto. Sem glamour. Sem sentimentalismo ou figuras de linguagem representando amores ou felicidades. Vai nu, cru, frio como uma navalha. Por que é assim que eu me sinto vendo as dimensões que algo tão sério pode tomar.
Essa frieza nem é tanto frieza. É descrença, desapontamento. Por que vivo num país onde é mais importante pagar uma comanda que sair com vida de uma boate. Num país onde vejo mais compaixão nos olhos de estrangeiros que dos próprios conterrâneos. Onde piadas sobre a morte de seres humanos são engraçadas.
Então é isso. Hoje meu post vai sem nenhuma imagem, em "letras pretas" e em prestação de luto. Luto pelos que morreram, pelos que ficaram. E luto também pelos que, depois de tudo isso, não tiraram uma lição e não aprenderam a aproveitar a vida que tem. Essas pessoas, afinal, saíram de casa sem saber que não retornariam. Quantas vezes você já saiu de casa sem dar-se conta de que poderia não voltar?
Considerem-se sortudos. Dessa vez não foram vocês, não fui eu. Agora, quantos de nós terão de morrer para percebermos o quão valiosa e abençoada é a vida que temos, o quão importante é cada respirar nosso?
Eu juro que não quero descobrir.