E estamos em frente a um espelho, eu e tu. Nos vemos, mas não nos enxergamos. Quem são aqueles que nos encaram com tanta dúvida quanto nós mesmos? A quem pertencem aqueles dois pares de olhos, vidrados a nos observar, enquanto pensam em quem somos nós?
Não sei. Há tempos não sei quem somos, não identifico quem um dia fomos. Dizem que essas coisas acontecem, que vivemos tempo suficiente para não nos reconhecermos, mudando um dia após o outro, nos tornando completamente distintos passados apenas alguns meses. Eu acho que é verdade. Acho que mudamos, e mudamos muito, ao ponto de não sermos os mesmos que nos olham do espelho.
Pelo menos é o espelho, não uma fotografia. Se fosse uma imagem de dois, talvez três anos, poderia julgar nunca ter nem ao menos nos visto antes. Não somos os mesmos, não somos iguais.
É, nós definitivamente mudamos. E nem sempre é para melhor. Só nos resta então o espelho, e todas as perguntas que ele nos traz.
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