O destino, esse bon vivant, teima em me jogar de volta aos seus pés. Ah, como queria poder dizer que a vida não se resume mais a ti... Mas toda vez que te vejo, mesmo que se passem meses, a sensação é a mesma: eu flutuo, me envolvo, me entorno. Como uma pipa a tribular pelo céu, me sinto livre, antes mesmo de perceber que há algo que me segura presa ao chão. E cada partida, tão dura, tão cruel, tão constante... É um ciclo vicioso, uma elipse, e o centro de tudo isso é você. Sempre você.
O bom de nós dois é que, antes de começar, eu já sei o final. Me poupa as milhares de noites sem dormir, as expectativas, os fracassos. Sei que nada será como eu sempre sonhei, e, bem por isso, já não sonho mais. Se tu ao menos imaginasse quanta dor isso me poupa, entenderia o porquê de eu temer tanto a tua presença.
Não minto quando digo que, apesar de tudo, meu ser por completo deseja nunca mais te ver. Meu corpo treme toda a vez que tu chega, e meu impulso é sempre o de correr para longe de ti. É contraditório, mas qualquer contradição é melhor do que o sofrimento que vem depois. E a cada novo "não", a cada novo "nada", eu me arrependo de não ter fugido. E o amaldiçoo por, mais uma vez, se fazer presente em mim. Como você sempre faz.
Mas o destino, esse bon vivant, continua brincando com aquilo que sobra de mim. Faz parte do que resume a vida, e eu até já me acostumei. Até porque, quanto mais vezes eu te ver, mais textos restarão, mais de mim entregarei ao papel.
Nada é de todo ruim, afinal. Principalmente quando se trata do meu bon vivant.