Páginas

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Momentos


Aprendi muita coisa durante minha curta estadia na Terra. Uma delas foi aproveitar cada momento como se fosse o único.
Cada risada, hoje trato como se fosse o diamante mais precioso. Cada amizade é como uma pequena vida que carrego em minhas mãos. Cada sorriso é como uma nota musical, todos eles compondo minha canção favorita, aquela que, um dia, será tocada em meu funeral.
É, eu sei, é um tanto poético, e talvez até um tanto macabro, pensar dessa maneira. Mas a verdade é que até as lágrimas tem um valor especial em minha vida, pois cada uma delas demonstra uma lágrima a menos para ser chorada, cada uma delas é um obstáculo que venci.
Sim, hoje valorizo cada pequeno momento, pois nunca se sabe se existirá algum outro, algum que se compare àquele. Mesmo por que, cada segundo que passa da sua vida é único, não volta, é um tempo perdido ou aproveitado, dependendo de como você encara sua vida. Se você passar seu tempo reclamando ou ignorando a sorte que tem, esse tempo será perdido. Agora, se aproveitares cada instante de sua vida, cada pequeno momento, cada nota de uma canção, jamais poderá reclamar de ter deixado passar algo que, depois, revelou ser importante demais para ter sido ignorado. Se isso acontecer, seu tempo terá sido vivido de verdade, terá tido importância, terá sido aproveitado.
Então não me venha com essa história de "a vida é curta demais para deter-se nos detalhes.". A vida só parece curta por que você ignora mais da metade dela, apenas preocupado com o ontem ou com o amanhã. Se der valor a cada momento, a cada instante, terá tempo suficiente para presenciar situações únicas e, no futuro, poder dizer que viveu sua vida da maneira mais profunda possível.
Ainda tenho muito o que viver, muito o que aprender. Ainda quero extrair de cada situação o máximo de lições possível. Mas parece-me que, passe o tempo que passar, nenhuma outra lição terá me sido tão única, verdadeira e importante quanto essa.
Por que cada momento é único, cada momento é especial. Se você ignorar esse momento, talvez não aja outro para ser aproveitado.

And So is This


Então é isso. Realmente, é o fim, como eu sempre achei que fosse. Temo dizer que sempre acreditei, sempre previ que isso fosse acontecer. Sei que é errado julgar o acontecido, sei que é errado dizer que fui sempre eu que tentei. Mas errado ou não, é verdade. Nada faz sentido, mas é verdade de qualquer maneira.
Nunca acreditei que fosse durar tanto tempo. Pensei se passageiro, pensei ser momentâneo. Me enganei. Só não me enganei no final. Este, eu já sabia exatamente como seria. Sabia quem sairia ferido, quem sairia ganhando. Sabia cada mínimo nuance. Era eu a perdedora, eu quem vacilava. Você... você é você, nunca se dá por vencido, nunca joga para perder. Te admiro por isso, é verdade. Mesmo que essa tua característica tenha conseguido ferir a mim.
Mas então é isso mesmo. Então eu posso me considerar vidente, vivente. Posso dizer que acertei, mas que também errei. Que, apesar de não ganhar, eu tentei. Posso dizer que sempre fui e sempre serei eu mesma, que nada nem ninguém vai me mudar... afinal, depois de tudo, nem você conseguiu.
No fim, eu sempre soube. Demorei para perceber, mas sempre soube. Em meio a essa confusão de ideias, de pensamentos, eu sabia o tempo todo. Sabia o que nos esperava, sabia o que era para ser.
No meio de tudo, era eu quem me perdia. Era eu quem tentava me iludir.

Tempestade


A vida anda corrida, anda parada, anda confusa. Não sei para que lado olhar, não sei para quem sorrir. Não conheço a ninguém, nem a mim. Está tudo um turbilhão, e eu me encontro de cabeça baixa, tentando me esconder da tempestade que está por vir. Sei bem os sinais: a alegria, a crença de que algo bom está por vir, a decepção, a confusão extrema... depois disso, vem a crise, e é dessa que eu me escondo.
Sei lá, isso tudo já aconteceu tantas vezes, que tudo o que eu queria era evitar que acontecesse de novo. Infelizmente, não sou capaz disso, não tenho forças para tal. Se já rastejo para tentar escapar dessa situação, como faço para evitar que ela ocorra? Não posso, sou pequena demais, frágil demais.
Estou longe de ser essa pessoa forte e determinada que tento parecer. Estou longe de comparar-me pelo menos um pouco com essa máscara de indiferença que assumo todos os dias. Estou longe de ser eu mesma, estou longe de pensar como esse alguém que eu finjo ser. Sou apenas, no fundo, mais uma alma sem auxílio, mais alguém com medo de ser julgada, de ter suas feridas expostas às traças. Sou um ser humano, e esse ser humano não pode evitar o inevitável, não pode mover montanhas para evitar que a tempestade se aproxime.
E ela está se aproximando. Tão lentamente, que chega a ser agoniante. Ao mesmo tempo que ela caminha à passos lentos em direção a mim e às pessoas a quem eu amo, eu tento proteger a todos e ponho minha cara a tapa. Ponho minhas mãos à palmatória, e frágil como sou, arrisco-me a encarar aquilo que, há tanto tempo, tento evitar, tento destruir.
Dessa vez, terei que encarar essa tempestade de maneira forte e decidida, ou, pelo menos, dar a entender que foi isso que eu fiz. Dessa vez, terei que lutar, perder, cair, ferir-me. Depois, quando a próxima tempestade chegar - e ah, ela chegará, pode ter certeza disso - talvez eu já seja forte o suficiente para poder proteger a todos e não ferir-me no processo.
E, como sempre, depois da confusão vem sempre a tempestade. Eu queria que dessa vez fosse diferente.
Mas é tarde demais para ser diferente. E essa não é a primeira, não é a última. É só mais uma.