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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Borboleta

Cansei de ser apenas a menina a olhar-te distante. Queria saber se tenho chances, queria ter a certeza de que o que eu sinto não é apenas uma ilusão idiota e insana. Apesar disso, continuo, como as borboletas, a voar de um lado para o outro, sem realmente achar meu rumo, meu destino. Rondando-te, rodeando-te, assim como rodearia uma flor.
Sei que é infantil, até um pouco surreal, tudo isso que eu sinto. Mas o coração bate, o sentimento pulsa, e de qualquer maneira, infantil ou não, imaturo ou não, eu continuo respirando cada dia mais por você, e só por você, por que acredito que morreria se não o fizesse.
E enquanto teu olhar continuar me possuindo, enquanto tuas graças não forem minhas, mas eu permaneça sendo delas, continuarei sendo essa borboleta sem rumo, essa alma sem um final... apenas esperando, respirando e vivendo dia após dia.
Quem sabe, seja só o que eu possa fazer, no final.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

O Caminho do Meio

Siga sempre o caminho do meio, prega a filosofia budista. Me parece, simplesmente, tão certo, tão adequado... como se fosse o correto a se fazer, o correto a se seguir.
Siga sempre o caminho do meio. O caminho das escolhas erradas, dos aprendizados, do saber dizer não, da bondade para dizer sim, do cantar, gritar e silenciar-se, do ouvir mais que falar, do não deixar calar-te tua voz, do ser, do ter, tudo na medida correta. Não ser totalmente bom, nem totalmente mau. Não ser extremamente rico, nem extremamente pobre. Não ser convencido ao máximo, mas também deixar de lado um pouquinho da humildade. Não pisar nos outros, mas não deixar-se pisar.
Por que isso me parece o mais correto a se fazer? De alguma maneira, se parar e pensar, perceberá que não há vantagem nenhuma em ser completamente bom, como não há vantagens no contrário. Se for bom demais, será pisado. Se for ruim demais, acabará sozinho. Tudo te leva à tristeza, quando em extremo.
E o que podemos fazer, então, senão seguir o caminho do meio e continuar respirando dia após dia?

A Arte de Sonhar

Sempre tive sonhos. Sonhar é algo que faz parte de mim. Ao meu ver, uma alma sonhadora é mais válida que quinhentas almas sem sonhos, pois quem sonha acredita que as coisas podem mudar, motiva-se, emociona-se, ama. Quem não sonha, é apenas mais uma pessoa vazia de sentimento, pois não pode crer nas coisas que não vê, não pode lutar por aquilo que é minimamente difícil de acontecer. Não vive, por não acreditar que possa.
Sim, nunca escondi de ninguém que sou uma eterna sonhadora. E que mal há nisso, afinal? O fato de sonhar me faz tão absurda assim, ou sou apenas uma das poucas "almas iludidas" que não esconde isso de si própria, e principalmente, do mundo?
Não acho que sonhar seja errado. Sonhos te abrem portas, portas te revelam caminhos, e caminhos mudam sua história. Quando você não sonha, nada acontece. Fica parado na mesma monotonia, no tédio do sempre, pois se não sonha, não tem esperanças, assim como não tem objetivos. Corre em círculos, e isso, lentamente, vai te matando, de consumindo. Te deixa oco.
Então sonhe, pois sonhos são as únicas coisas que poderão te abraçar nos dias de tormenta. E até lá, você cria uma reserva. É melhor do que ser pego desprevenido e, no final, não ter motivos pelos quais sonhar.


Irreal Realidade

Não sou poeta, nem contadora de histórias. Não vivo pelos outros, nem por mim. Não sou pensante, não tenho paciência. Sou simplesmente eu.
Se as pessoas fossem mais reais, mais puras e menos falsas, talvez algo nessa vida valesse mais que a beleza. Talvez caráter, intelecto, bondade e outras coisas das quais você nem deve se lembrar tivessem mais significado. Talvez nem tudo fosse em vão, se de fato todos fossem mais reais.
Ao invés disso, você confia, acredita, quebra a cara. Convive durante muito tempo com quem pensa conhecer, e descobre que, depois de tudo, essa pessoa não era nada do que você pensava. Acredita, durante toda a sua vida, em algo fixo e seguro, e de uma hora para a outra, perde o chão, por que descobre que tudo era uma ilusão, algo sem valor.
De qualquer maneira, não importando os demais, não importando o que pensem, eu tento, dia após dia, ser eu mesma. Tento defender meu ponto de vista, acreditar em mim e em meus sentimentos, e acima de tudo, tento ser feliz nesse mar de bipolaridade que é a vida.
Quem sabe um dia eu consiga. Não dizem que quem insiste, algum dia alcança?

domingo, 21 de outubro de 2012

Aquela Criança Assustada

Me sinto como uma criança assustada nesse negócio de "amor". Vejo pessoas "amando" uma pessoa diferente a cada duas semanas, vejo pessoas que amam alguém durante toda a sua vida, e mesmo quando o amado não está mais por perto, continua em sua memória... vejo amores nascerem, amadurecerem e morrerem o tempo todo.
E é aí que eu penso: é isso que eu quero para mim? É esse amor inconstante, conturbado e sentimental que eu quero em minha vida? Não sei, realmente, se é vantagem sentir algo tão imprevisível quanto o amor é.
Vejo pessoas dizendo, o tempo todo, que só se é feliz quando se ama alguém. Isso quer dizer que, durante minha vida toda, minha felicidade dependerá de outra pessoa? Talvez a verdade seja que ela dependeria tão somente de mim, e que eu deveria forçar-me a amar alguém para poder ser feliz, como se, de fato, pudéssemos mandar no nosso coração e dizer "hey, coração, você pode, por favor, amar essa pessoa?" ou "você pode esquecer aquela pessoa, por obséquio?".
A verdade é que sim, eu sou uma criança assustada. Mal aprendi a amarrar os cadarços ainda, e já estou sendo obrigada a encarar a frieza do mundo dos amantes, amados e daqueles que dizem amar, dizem ser amados, mas na verdade não o são de maneira alguma.
Quem sabe, eu só não esteja preparada. Quem sabe eu seja sim uma criança assustada.

sábado, 20 de outubro de 2012

Expectativas

Eu sou daquelas pessoas que cria toda uma situação perfeitamente mágica em sua mente, e depois percebe que nada daquela merda vai acontecer. É realmente possível, e jamais é algo tão inimaginável, mas de qualquer maneira, não vai acontecer. Então eu choro, me fodo, sofro mais que nunca, e daqui a cinco minutos, já estou imaginando novamente uma cena de filme de Hollywood. As vezes, parece até que eu gosto de sofrer. Mas eu não gosto.
Sei lá, certas coisas são imutáveis em nós. Em mim, uma dessas coisas é minha extrema capacidade de imaginar o que seria o ideal a acontecer. Outra, entretanto, é dar valor demais a essa imaginação, depois, me decepcionar. É algo que nasceu comigo e, apesar de eu tanto lutar contra, provavelmente morrerá comigo. É parte de mim, não vendida separadamente. Deixou de ser acessório.
Algum dia, quem sabe, eu deixe de ser trouxa, de me iludir e, de muitas vezes, me humilhar. Talvez eu consiga conter minha expectativa pulsante no peito, e então aprenda a lidar com tudo isso, seja lá o que "isso" for. Só acho que essa é uma parte desnecessária de mim, que eu poderia simplesmente ignorar.
Será que algum dia me acostumarei? Sinceramente, eu acho que não.

Apenas Hoje

Apenas hoje, queria olhar para a lua e poder enxergar nela um futuro. Apenas hoje queria deitar-me na grama, aproveitar o silêncio do fim de tarde, pôr a cabeça em dia. Queria poder sentir melhor os cheiros, provar melhor os gostos e ver melhor os detalhes do que me rodeia.
Queria poder tirar apenas cinco minutos para respirar o ar puro de um campo qualquer, telefonar para os meus amigos apenas para dizer que os amo, pensar apenas em coisas boas, ser feliz até quando e onde puder.
Queria poder viver o agora mais que o antes, e ter a certeza de que o viveria menos que o futuro, se é que este algum dia chegasse. Ver os pássaros a voar por cima de minha cabeça, tatear com leveza cada pétala de cada pequena flor que encontrar pelo meu caminho, contar quantos passos dou da porta de minha casa até a beira da rua.
Queria, apenas hoje, poder fazer as coisas do meu jeito, essas coisas inúteis e sem valor. Coisas do tipo ver imagens em nuvens, fazer bem-me-quer, escrever um poema infantil na areia da praia, sentir o vento em meus cabelos e o sol em meu rosto. Queria sair pulando feito uma criança, cantar tão alto que minha garganta começasse a reclamar, dançar no meio da rua.
Queria parar de me importar com o que os outros dizem e pensam de mim. Queria poder mandar para o inferno quem nunca acreditou em mim, ou dar um tapa de luva naqueles que sempre me colocaram para baixo. Queria pular amarelinha, corda e elástico. Queria comer todo o chocolate que conseguisse, até não poder mais caminhar. Queria ficar meia hora pendurada no telefone com meus amigos, virar a noite na internet, aprontar, ser pega e aguentar os xingamentos dos meus pais, me dizendo que eu sou irresponsável demais.
Apenas hoje, queria parar de ligar para normas, circunstâncias e tabus, queria fazer tudo o que me desse na telha. Queria desistir de tudo, e voltar a tentar. Queria passar duas horas debaixo do chuveiro, queria gritar com tudo e com todos, queria poder ouvir duas mil vezes a mesma música, até enjoar.
Depois de tudo o que eu vivi, tudo o que vivo e o que possivelmente viverei, eu só queria, apenas hoje, ser feliz. Só queria ser eu mesma.
Hoje não. Quem sabe um dia.

Eu Não Sei Desistir

As vezes eu penso em desistir. E sim, quem não pensa? O problema é que, para mim, desistir é tão árduo quanto continuar, senão mais. Como abrir mão de algo pelo qual você tanto lutou, sendo que nem ainda o conseguiu? E se faltar muito pouco, se você estiver a apenas um passo de distância? Tudo sempre me parece o final, sempre parece como se eu estivesse chegando ao meu objetivo. Desistir torna-se impensável.
Mas o que eu devo fazer quando desistir parece ser a melhor opção, apesar de tudo? Quando vejo que essa incansável e interminável luta não vale mais a pena? Quanto cada passo para frente que eu dou me arrasta três passos para trás? Quando a confusão em minha mente, ao invés de diminuir, só aumenta mais e mais?
Quem sabe eu seja apenas mais uma covarde, tentando encontrar na desistência meu alívio. Ou, quem sabe, eu só não goste de sofrer. O fato é que, não importa o que eu sou, de onde venho ou para onde vou, sou simplesmente incapaz de desistir. Não lutei tanto para chegar aonde estou para simplesmente jogar tudo para o alto. Sou uma sobrevivente. Até quando, eu não sei. Só sei que, por enquanto, sobreviverei e permanecerei, serei persistente, e quem sabe um dia, tudo venha a valer a pena.