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quarta-feira, 21 de maio de 2014

A Chuva

Um café quente, um sorriso frouxo, o som dos pingos batendo nos vidros da sala de estar. Embaixo do cobertor, com um livro aberto ao meio, um sonho em construção. Formas, milhares delas, girando ao meu redor. E a chuva, ah, a chuva, essa não se deixa esquecer.
Nesse momento, tu faz muita falta. O café é menos quente; o sorriso, menos frouxo. Mas a chuva continua, intacta, exatamente como seria se tu estivesse aqui.
Sinto o cheiro do teu perfume na almofada do meu sofá, aquela na qual tu costumava deitar enquanto falava dos sonhos que tinha para nós dois. Esses sonhos, que agora estão mais distantes do que nunca, e que eu espero que não sonhes junto a mais ninguém. Eram nossos. Eram. Não são mais.
Mas a chuva, apesar de tudo, continua a cair. Independente do teu perfume, da tua ausência, da minha saudade, ela só segue o seu rumo em queda livre, sem nada para impedi-la de chegar ao fim de sua jornada. E, quanto toca o chão frio, deixa de ser chuva, e o seu ciclo se renova.
A pergunta é: E o amor, se renova? Quando acaba, simplesmente tem fim, ou se transforma em outra coisa? O amor, o nosso amor, é como a chuva ou como o livro? E, se for o livro, qual será a página final?

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