Queria apenas um sorriso. Um sorriso sincero, para me mostrar que não é o fim, que depois de toda essa tempestade ainda existirá o sol, e que os raios vão me iluminar sempre.
A música me embala, inebria meus pensamentos, deixa nublado tudo o que eu não quero que seja nítido. Essa é a sua função, afinal, enquanto eu choro por algo que nem deveria ter importância, a melodia continua a carregar-me ao desabafo, ao meu mundo de fuga e esconderijo.
Eu acho asilo nas palavras. Sempre foi assim, e provavelmente sempre será. Se não posso chorar em frente aos outros, choro em frente a um computador, digitando freneticamente coisas sem sentido, um amontoado de palavras desconexas, que só fazem sentido para mim, afinal sou a única que sabe o que se passa dentro de mim.
Até quando vou poder me esconder por trás da fachada de garota feliz? Eu não sei, e tenho medo de descobrir. Não quero ter que sair das sombras e me jogar na luz, pôr minha cara à tapa. Não tenho tanta coragem, e quem sabe no fundo, seja apenas mais uma garota tímida e covarde, escondendo-se por trás daquilo que nunca irá julgá-la, que nunca irá dizer que ela errou por não tentar acertar: ela mesma.
E enquanto as sombras me carregam para lugar nenhum, enquanto só tenho as palavras por mim, tudo o que eu desejo é um sorriso. Um sorriso para me mostrar que sempre há uma maneira de acertar o que parece ter sido torto desde o início.
Afinal, nada é imutável. Pelo menos eu espero que não.
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