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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ela olhava para as fotos dele, para as linhas escritas em seu nome, para o passado, para tudo. Ah, ela era tão inocente durante aquela primavera... Já fazia mais de um ano, e quanta coisa havia mudado para os dois...
Ela recapitulou cada texto que havia escrito para ele. Cada linha. Cada sorriso. Recapitulou tudo, e percebeu que nunca foi mais do que ela. Ele nunca amou, nunca escreveu, nunca sorriu pelos dois. Só ela. Isso doeu no fundo do seu coração que, em seu todo, não havia deixado de ser algo que não inocente.
Ele poderia ter amado aquela garota tanto quanto ela o amou. Poderia ter dito algumas das coisas que ela tanto queria ouvir. Poderia ter voltado seus olhos para ela e visto, naquela garota de sorriso triste, um futuro que valesse a pena perseguir. Mas nada disso aconteceu. Só ela amou, e isso é fato.
Agora, ela chorava. Chorava ao lembrar de todas as vezes que havia chorado por ele, sem que ele derramasse uma lágrima sequer. Chorava pelas inúmeras ocasiões em que encostou a cabeça na janela do ônibus lotado e, com o coração partido, observou a paisagem correr do lado de fora. Chorava, porque amar sozinha é uma das tarefas mais duras que uma garota, da sua idade, poderia passar.
Amar sozinha era uma tortura, e agora ela sabia. Não assistia mais comédias românticas, nem lia sobre amor; tampouco ouvia músicas que a lembrassem corações partidos. Não queria iludir-se ainda mais, não queria voltar a amar sozinha.
Ela nunca deixou de amar, e essa era a verdade. Mas aquela garota, de sorriso triste, jurou jamais admitir isso.
Quem sabe, com o tempo, fosse embora.
Se não foi dito, foi mentira.

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