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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Poderia transformar nossas conversas em meus vícios. Poderia gravá-las, cada uma delas, para não mais esquecer; gravá-las no coração, com letras entalhadas por grandes escritores, com palavras rebuscadas e cercadas de sentimento.
O problema dos vícios é que eles devem ser alimentados, e já não sei por quanto tempo seria capaz de alimentar esse vício meu. Talvez por mais alguns anos, mas acho improvável. Mais certamente, por alguns poucos dias. E, depois, o que faço com essa alma viciada em ti, que tende a me habitar, inquieta desde sempre? Sabe, ela é uma hóspede barulhenta, mesmo contente. Como seria ela, se eu a viciasse e, de repente, a colocasse em abstinência? Seria capaz de viver sem que eu a suprisse? Será que essa alma encontraria outro vício?
Quem sabe, se viciasse em todas as vezes em que imagino teu sorriso ou, então, no teu olhar turbulento, cercado de inúmeros significados ocultos, esse olhar que guarda os mistérios do universo em seu brilho.
Não sei, nem me preocupo com isso, nesse exato momento. Agora, só me preocupo em não me viciar. Quero me manter limpa pelo tempo que for possível.
Certamente, tentar evitar o inevitável.

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