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domingo, 26 de outubro de 2014

Amarga Democracia

Foi dia de democracia no Brasil. Votei no meu candidato, um voto amargo, a contragosto, exalando decepção. Votei porque não tinha opção, porque anular um voto é "votar sem votar". Votei porque, entre dois candidatos que não apoio, escolhi o que "não apoio menos".
É difícil a política no Brasil. Estávamos entre dois candidatos tão parecidos que quase tivemos que escolher entre "saias ou calças". Que falavam a mesma língua, mas não falavam nada, porque durante tanto tempo, preocupavam-se mais com destruir os impérios do outro do que com, de fato, construírem os seus.
E votamos, todos nós. Escolhemos, e o gosto ainda é amargo. Mas optamos por seguir como estamos, demos uma nova chance para o antigo. E agora observamos o futuro, com olhos marejados, divididos ao meio. E esperamos por mudanças, que talvez nem venham a acontecer.
Ah, esse povo brasileiro, sem escolha, sem voz, sem vez.

sábado, 25 de outubro de 2014

Como você se sente?

Lendo os textos que um dia te escrevi e vendo que tudo aquilo é nada além de passado, como você se sente?
Sabendo que você jogou fora a chance de ser qualquer coisa que não "mais um", como se sente?
 Percebendo que jogou fora todo um futuro, que não deu ao mesmo nem ao menos a chance de existir, como você se sente?

Como você se sente sabendo que é tudo culpa sua?
Como se sente?

Porque eu me sinto bem.
Muito bem.

domingo, 19 de outubro de 2014

Amanhã é o dia dos sorrisos, dos abraços, dos "parabéns". É aquele dia no ano em que todas aquelas pessoas que raramente se lembrar de mim, me telefonam e congratulam-me pela pessoa que sou. Ah, eles mal me conhecem, como podem me dizer qualquer coisa sobre quem sou eu?
Mas, amanhã, isso vai acontecer. E eu vou sorrir de volta e agradecer. Várias e várias vezes. Até que se acabem as pessoas. Então, simplesmente irei dormir.
E tudo começará outra vez. Mais um ano de esquecimento, até o dia em que tudo se repete.
Ah, o vício escondido nesse ciclo...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"Bom dia! Pode me servir de um café?"
"Com ou sem açúcar?"
"Amargo. E com gosto de melancolia."
"O senhor há de me desculpar, mas não servimos esse sabor. Aqui, não há."
"Sempre há melancolia, em qualquer lugar. Basta procurar pela despensa."
"Então, é sem açúcar e com melancolia?"
"Para levar, por favor, porque beber aqui não dá tempo."

terça-feira, 14 de outubro de 2014

E, em breve, outro ano. Um a mais ou um a menos? Não importa. O mundo ainda gira, tudo ainda muda. Tudo menos eu.

Logo Eu

Às vezes, me pergunto o motivo pelo qual só escrevo sobre amor. Justo eu! Que experiência tenho sobre esse assunto? Logo eu, que nunca sequer consegui entender o que significa amar alguém.
Acho que é um assunto fácil, já discutido de todas as maneiras, já posto em todos os papéis, e não é difícil simplesmente jogar palavras aleatórias em uma tela em branco sobre assuntos dos quais você tanto ouviu falar. E não há, no mundo, assunto mais comentado do que as dores do amor.
Então, continuo. Escrevo sobre o que não conheço, e, quem sabe um dia, quando chegar a minha vez, saberei o que fazer.
Provavelmente não.

Fotografia

Quero uma foto contigo. Não sei porque, mas nesse momento, surgiu-me na cabeça a necessidade de uma fotografia de nós dois. Simplesmente preciso. Parece que, se tiver uma foto, é porque aconteceu, e nada poderá mudar. O problema em questão é: não aconteceu, pelo menos não ainda, não fora de minha mente. E eu sou criativa demais, o que vem de minha mente geralmente não é crível.
Ainda assim, quero uma imagem de nós dois. Nesse momento, parece algo importante para se ter. Apenas uma foto, para provar que é possível, ainda que não o seja.
Sou uma fingidora, uma mentirosa.
Não para os outros.
Para os outros, não minto, não finjo.
É a mim que iludo, a mim que engano.
Porque me monto em uma ilusão
e deixo que ela me guie.
E depois... bem, depois, espero que dê certo.
Senão, sigo em frente.
Faz parte.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Escrevo, mas há algo que continua aqui, pressionando o peito. Antigamente, escrever costumava ajudar, aliviar a angústia. Agora, há isso, que não sei definir, que insiste em permanecer, mesmo depois de tantos textos. Acho que estou ficando louca, ou, então, preciso de uma dose mais forte da medicação.
Apesar de não saber se qualquer medicina poderá ajudar a curar algo que não é do corpo.

domingo, 12 de outubro de 2014

Conversa

"Por gentileza, você pode deixar o recinto?" Eu perguntei a ti.
"Ainda existem coisas aqui as quais preciso fazer." Você respondeu, calmamente.
"Mas agora?" Insisti. "Por que não volta outro dia?"
"Não sairei daqui até que faça o que tiver que fazer!"
Eu estava cansada. Só queria que aquilo terminasse.
"Por favor, rapaz, apenas retire-se e tudo ficará bem."
"Tenho certeza" Você disse "de que tudo ficará bem, independente de minha partida."
"Mas é mais fácil se você não estiver aqui, entenda."
Você me olhava, e eu podia sentir que estava determinado a não ceder.
"Tenho direito de permanecer aqui, uma vez que foi você quem me pôs para dentro." Você respondeu.
"Não há nada que eu possa fazer para que você saia?" Tentei, talvez pela última vez. "Por que insiste tanto em ficar aqui, afinal?"
"Saiba que, com o tempo, eu certamente sairei. Agora, todavia, preciso permanecer aqui. É importante para mim e para ti. Pode não parecer, mas tudo isso fará sentido muito em breve. Só preciso ficar."
E, por fim, eu desisti. Jamais conseguiria te tirar da minha cabeça, de qualquer maneira. A discussão já estava perdida antes mesmo de começar.
Só espero não enlouquecer até que, por fim, você saia por conta própria.
Escrevo aqui, mas queria dizer diretamente a ti. A certeza de que jamais verá essas palavras reconforta, mas assombra na mesma medida. Queria ter a chance de te dizer que, em meio ao meu caos, tu é a calmaria, do silêncio a poesia, da escuridão a estrela guia. Tu me completa e me desenha, me faz e me desfaz.
E sinto medo. Medo de que, se souber disso, será só mais um. Outro que vem e que vai, sem deixar nada para trás. E eu ficaria devastada se assim fosse, porque, na verdade, é como se um pedaço de mim ficasse em ti, contigo, por ti.
Então não te digo nada. Apenas escrevo aqui, onde sei que jamais lerá, e me escondo. É melhor, mais fácil, mais seguro. Pelo menos até ter certeza de que, por ti, vale o risco.

sábado, 11 de outubro de 2014

Se der certo, eu me rendo. Deixo de dizer que sou perseguida pelo azar e passo a acreditar que todos podem ter um pouquinho de "the lucky one". Se der certo, eu me finjo de louca, chuto tudo pro alto e vou ser feliz. Se der certo, eu me rendo. Se der certo.

Silêncio

Inacreditável. Faltam em mim as palavras, e Deus sabe que isso não costuma acontecer. Na verdade, o sentimento é tanto que nada pode expressar. Então me calo, e apenas observo o tempo passar ao meu redor.
Acho que não estou acostumada ao silêncio. Ele me incomoda, tagarela como sou. E, agora, não sei o que dizer. Mas não, isso não é ruim, porque em meio ao caos que se instala em minha mente, este é, em dias, o único momento em que o silêncio é bom. Talvez seja o motivo.
É, definitivamente, é o motivo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Violinista

O som do violino... Nada no mundo se compara à sensação de ouvir um violino tocando. E eu o ouço, ah, como ouço. Ouço como se a vida possuísse trilha sonora, como se tudo se resumisse àquele ressoar. Tão belo, tão magnífico... Tão louvável...
A maneira como a música pode dizer tanto sobre uma pessoa ainda me assombra. Aterrorizada, eu observo meu violinista à janela, observo enquanto ele faz de cada sonata uma parte de si próprio. Cada detalhe, cada trejeito, ah, como eu amo. Amo seus dedos a acariciarem o instrumento, transformando o silêncio na mais bela música... E só de olhar, já imagino dez, quinze anos de história do que, algum dia, pode acontecer.
E enquanto o violino me guia, eu vejo o mundo que me cerca, e lá está meu violinista. Vivendo, transformando outros silêncios em música, fazendo por outros o que ele faz por mim. Vejo outras pessoas que, nele, encontrarão o conforto que ele me traz. Vejo outros a observarem carinhosamente cada nuance que o cerca. Consigo até sentir os olhares, tão abismados quanto o meu, vendo meu violinista fazer da música uma parte de si, em tal intensidade que quase não dá para imaginar um sem o outro.
E, de fato, não dá. É impossível haver música sem o meu violinista, nem meu violinista sem música. Isso porque eles foram feitos um para o outro. Os dois se completam, e o resultado disso é a mágica que os cerca, é o montante de cores que ele consegue criar em um mundo preto e branco, apenas com o toque suave de seus dedos na madeira escura do violino. Ele materializa sua própria alma e a dá de presente àqueles que tem a sorte de o ouvir tocar.
E não importa quanto tempo passe ou quantos quilômetros separem nossos destinos. Não importa saber que, algum dia, ele será o violinista de outro alguém. Nada disso muda o fato de que, por algum tempo, ele foi meu violinista, e era a mim que sua música seguia.
Sempre será o meu violinista, e sempre será o seu violino a me embalar.
Cansei de títulos. E de fotos. É difícil ser organizado quando seu interior é uma bagunça.
Não se pode pôr para fora aquilo que não existe por dentro.
Há destinos destinados a cruzarem-se inúmeras vezes, e não se cruzam. Há histórias que, por conveniência, deveriam se entrelaçar, mas não o fazem.
Às vezes acho que, se é pra ser, não será. O mundo conspira, muda tudo, e a gente aceita. E vive. E como vive.

Contador de Histórias

E como nas páginas de um livro, me perco em minha própria história. Como quisera ser a autora deste desfecho, para ter o controle de cada linha, desfazer o que não me agrade e escrever o final que sempre quis.
A sina da pessoa que escreve é ter o controle da vida de todos os personagens, mas constantemente perder o controle de si próprio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Confuso

Queria te amar da maneira que você gostaria de ser amado. Gostaria de sentir aquele frio na barriga, aquela "coisa louca", difícil de definir. Queria, e como queria, te fazer feliz.
É uma pena que a vida não é feita de querer, que querer não é poder, que poder não é dever. Principalmente porque, mesmo que quisesse te amar, alguém autodestrutiva como eu jamais seria capaz de te fazer sorrir como você merece, mostrando todos os dentes, sincero mesmo antes de nascer.
Não sei se deveria te amar, mesmo querendo. Mesmo sabendo que, por um momento, isso te faria feliz. Quanto vale uma felicidade momentânea diante da catástrofe iminente?
Por outro lado, se o mundo acabasse, pelo menos eu teria te visto sorrir.
Confuso. Sempre foi, sempre será, nada mais que confuso.

domingo, 5 de outubro de 2014

Mais Uma Vez

E quando eu penso que acabou, conto até dez e tu aparece de novo. Eu olho ao redor, orando para não te ver, e, de alguma maneira, tu me rodeia, aparece, me incendeia. Incendeia o sentimento que eu jurava não mais existir. Ah, quantas vezes isso já aconteceu? E quantas mais irão acontecer? Te vejo muitas vezes, vezes demais, e mesmo jurando a mim mesma que você não surte mais efeito em mim, é inegável o bater acelerado do meu coração quando você está aqui.
Queria que tu sumisse. Que se mudasse, que não existisse, que fosse embora. Ao mesmo tempo, não sei se algum dia me acostumaria com a ideia de nunca mais te ver, porque no fundo, tua ausência me perturba. Prova disso é a forma como eu reajo toda vez que te vejo, após hiatos que são longos demais, sofridos demais, mas que eu ignoro. É mais fácil ignorar, olhar para frente, respirar um pouco mais. Mas a falta da totalidade, a falta do não-sentir, está sempre comigo. Quase acredito que, mesmo depois de anos, isso continuará acontecendo. E mesmo quando eu estiver com alguém que me faça feliz, alguém que me faça sorrir e valorize tudo o que há de mais simples em mim, sempre que tu estiver aqui, eu ainda me sentirei como na primeira vez.
Tenho medo disso, ah, como tenho. Mas há partes de nós mesmos das quais não podemos nos desfazer, e eu não estou pronta para deixar você ir. Nunca estarei, não completamente. Porque, no fundo, tu é aquele que me vem à cabeça sempre que eu penso no que significa amar. Momentaneamente, intensamente, dolorosamente. Até que eu ignore outra vez.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Os Vários Nós

Não queria me ver em você... Ah, mas eu me vejo, e vejo junto tudo que há para ser visto. Nós.
Se houvesse um "nós", seriam menos nós a desatar. Não seria tão difícil quanto abrir uma noz a dentes, certamente nem tão duro. Talvez não fosse tão doce quanto as balinhas de gelatina que eu teimo em comer, mesmo sabendo que elas grudam nos dentes, mas que mal há? E, igual às balas, quanto acaba, eu quero mais. Quero ver mais, quero sentir mais. Quero mais nós, e menos nós. Cada qual com seu sentido, cada qual no seu lugar.
Mas, afinal, para quê sentido quando se trata de você? O importante é que me vejo mais em ti do que a qualquer outro na TV.