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quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Violinista

O som do violino... Nada no mundo se compara à sensação de ouvir um violino tocando. E eu o ouço, ah, como ouço. Ouço como se a vida possuísse trilha sonora, como se tudo se resumisse àquele ressoar. Tão belo, tão magnífico... Tão louvável...
A maneira como a música pode dizer tanto sobre uma pessoa ainda me assombra. Aterrorizada, eu observo meu violinista à janela, observo enquanto ele faz de cada sonata uma parte de si próprio. Cada detalhe, cada trejeito, ah, como eu amo. Amo seus dedos a acariciarem o instrumento, transformando o silêncio na mais bela música... E só de olhar, já imagino dez, quinze anos de história do que, algum dia, pode acontecer.
E enquanto o violino me guia, eu vejo o mundo que me cerca, e lá está meu violinista. Vivendo, transformando outros silêncios em música, fazendo por outros o que ele faz por mim. Vejo outras pessoas que, nele, encontrarão o conforto que ele me traz. Vejo outros a observarem carinhosamente cada nuance que o cerca. Consigo até sentir os olhares, tão abismados quanto o meu, vendo meu violinista fazer da música uma parte de si, em tal intensidade que quase não dá para imaginar um sem o outro.
E, de fato, não dá. É impossível haver música sem o meu violinista, nem meu violinista sem música. Isso porque eles foram feitos um para o outro. Os dois se completam, e o resultado disso é a mágica que os cerca, é o montante de cores que ele consegue criar em um mundo preto e branco, apenas com o toque suave de seus dedos na madeira escura do violino. Ele materializa sua própria alma e a dá de presente àqueles que tem a sorte de o ouvir tocar.
E não importa quanto tempo passe ou quantos quilômetros separem nossos destinos. Não importa saber que, algum dia, ele será o violinista de outro alguém. Nada disso muda o fato de que, por algum tempo, ele foi meu violinista, e era a mim que sua música seguia.
Sempre será o meu violinista, e sempre será o seu violino a me embalar.

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