Sentei naquele banco, aquele em que sempre sentava propositalmente - que era, afinal, no local por onde você passava todos os dias, sempre pontual - e esperei. Esperei por você, mesmo sabendo que não viria mais. Mesmo sabendo que nunca mais passaria por aquele local novamente.
Ainda me lembro da última vez. Aquele frio desgraçado, que me fazia tremer dos pés à cabeça, mas que não me impediu de te esperar de qualquer maneira. O cheiro de café quente vindo da cafeteria da esquina, me dizendo claramente para deixar de ser idiota e parar de esperar por alguém que jamais esperaria por mim, o nariz que começava a avermelhar na ponta graças à baixa temperatura. Ainda sinto o vento cortante daquele anoitecer de Julho, o momento em que começou a chuviscar e eu realmente achei que choveria... e me recusei a sair de lá.
Lembro-me de te ver passando por lá de mãos dadas com a sua namorada - e admito, não esperava por aquilo, por aquela facada no meu coração - rindo e se abraçando, rumo à mesma cafeteria que tanto me tentava. Sua cafeteria favorita. Lembro-me da maneira como me olhou, como me viu chorar, e por um segundo, vi compreensão em seu olhar. Mas você não parou. Seguiu adiante junto com a garota da sua vida.
Hoje já nem sei mais por que voltei aqui. Quem sabe a esperança de que, dessa vez, quando te visse passar novamente com a sua garota, realmente me satisfizesse, percebesse que você a ama e largasse de mão. Ou talvez quisesse que você sorrisse para mim ao passar e dissesse "Eu sempre te amei, mesmo enquanto estava com ela". Não creio em nenhuma dessas hipóteses. Para mim, aquela foi a confirmação de que você não estava mais lá.
Você seguiu em frente. Quem sabe não fosse, finalmente, a minha vez de fazer o mesmo?
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