Bebi o último gole do meu café quente e olhei para a chuva por de fora da janela da sala de estar. Estou tão mudada que nem mais me reconheço. Sou apenas uma viajante em meu próprio mundo, uma telespectadora de minha própria história. Onde foi que eu me perdi, afinal?
Sinto falta do tempo em que ainda era uma pessoa gritante, alguém que realmente tinha voz, que não era só uma mobília em seus próprios cômodos. Saudades da época em que minhas atitudes mudavam algo, faziam alguma diferença. Hoje não passo de um ser inanimado em meu próprio conto de fadas.
Há dois anos, diria que tinha tudo o que queria. Conquistei tudo que idealizei, vivi tudo que sonhei, fiz tudo que um dia almejei. Mas o ser humano nunca se sente satisfeito, e uma hora ou outra, você para e olha para o que o futuro lhe reserva... e não vê nada. Nenhuma esperança, nenhuma novidade, nada com que sonhar, nada a desejar. Apenas o vácuo.
Queria eu poder voltar aos tempos em que tudo o que tinha não era o suficiente para ser tudo que sempre quis. Aqueles tempos, sabendo ou não, eram os melhores de toda a minha vida.
O ser humano não foi feito para ter tudo o que quer. Não quando isso significa não ter mais nada pelo que lutar.
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