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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Hoje, por algum motivo,senti saudades de nossas conversas noturnas. Não faz tanto tempo assim... uma semana, talvez um pouco mais. É tempo demais, entretanto, quando se trata de querer unilateral. É sentir-se excluído ou esquecido, é começar a pensar no que fez de errado. Mesmo que nada tenha feito.
Senti falta de você me chamando próximo às duas da manhã, com seu jeito manhoso de ser, sem um motivo específico, com inúmeros subterfúgios para manter a conversa. Do conhecer e se identificar, de tudo isso e muito mais. E havia mais, como havia.
Falo no passado, pois passado é. Não importa se foi ontem, semana passada, há dois meses ou dez anos. Quando acabou, quando a página foi virada, é passado. E você virou a página.
Eu não.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ela olhava para as fotos dele, para as linhas escritas em seu nome, para o passado, para tudo. Ah, ela era tão inocente durante aquela primavera... Já fazia mais de um ano, e quanta coisa havia mudado para os dois...
Ela recapitulou cada texto que havia escrito para ele. Cada linha. Cada sorriso. Recapitulou tudo, e percebeu que nunca foi mais do que ela. Ele nunca amou, nunca escreveu, nunca sorriu pelos dois. Só ela. Isso doeu no fundo do seu coração que, em seu todo, não havia deixado de ser algo que não inocente.
Ele poderia ter amado aquela garota tanto quanto ela o amou. Poderia ter dito algumas das coisas que ela tanto queria ouvir. Poderia ter voltado seus olhos para ela e visto, naquela garota de sorriso triste, um futuro que valesse a pena perseguir. Mas nada disso aconteceu. Só ela amou, e isso é fato.
Agora, ela chorava. Chorava ao lembrar de todas as vezes que havia chorado por ele, sem que ele derramasse uma lágrima sequer. Chorava pelas inúmeras ocasiões em que encostou a cabeça na janela do ônibus lotado e, com o coração partido, observou a paisagem correr do lado de fora. Chorava, porque amar sozinha é uma das tarefas mais duras que uma garota, da sua idade, poderia passar.
Amar sozinha era uma tortura, e agora ela sabia. Não assistia mais comédias românticas, nem lia sobre amor; tampouco ouvia músicas que a lembrassem corações partidos. Não queria iludir-se ainda mais, não queria voltar a amar sozinha.
Ela nunca deixou de amar, e essa era a verdade. Mas aquela garota, de sorriso triste, jurou jamais admitir isso.
Quem sabe, com o tempo, fosse embora.
Se não foi dito, foi mentira.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O Amor e Outros Vícios


Superar um amor é, por muitas vezes, como livrar-se de um vício; envolve pequenos sacrifícios, mudanças de hábito, dor e longas crises de abstinência. Ainda assim, livrar-se de um querer-ruim é, na maioria arrasadora das vezes, o certo a ser feito; de nada adianta manter algo morto em si, para correr o risco de morrer em vida.
Superar um amor perdido, como um vício, requer que se evite o primeiro gole: nada de entrar no Facebook só para ver se a pessoa está online, nada de olhar pela janela no horário que a pessoa costuma passar em frente à sua casa. Requer essa força de vontade para evitar as pequenas doses de memórias. Você precisa passar pelo fim do roubar-cigarros, pelo cessar de cheirar-o-vinho-alheio. Precisa evitar de ir propositalmente a lugares em que sabe que irá encontrá-la, ou acampar em frente ao emprego da pessoa só para vê-la sair no horário de almoço.
O próximo passo é mais dolorido: evitar as influências alheias. Brigar com aquele seu amigo que, automaticamente, te passa o copo da bebida ou te oferece um cigarro. Parte de se "desviciar" envolve tirar o vício dos seus amigos de pensarem em você como um viciado. Você tem que mostrar a eles que não quer que te mandem fotos novas da pessoa, deem notícias, avisem que a viram na rua. Tem que se convencer de que não quer mais saber do amor passado, para poder convencer seus amigos de que isso é verdade. Aos poucos, eles perceberão que, para você, é melhor que nada seja dito ou perguntado. Sem citações, menções ou afins. Esqueçam, você e aqueles que te rodeiam, que a pessoa existe. Ou, pelo menos, finjam esquecer.
Afaste-se, também, dos demais viciados: pessoas que se queixam em demasia de desilusões amorosas ou que falam demais no maldito cigarro acabam te arrastando novamente às memórias; nesse momento, considere essas memórias como inimigos, se elas não forem negativas ao ponto de se tornarem aliadas. Então, fuja daqueles que te lembram que você ainda ama; queira ao seu lado pessoas bem resolvidas e dispostas a te pôr para cima. É nesse ponto, também, que deve fugir das comédias românticas, das músicas melosas e de textos como esse, que tratam de amor.
Nesse ponto, você já está semi-arrasado. Seu coração ainda está partido, e boa parte da convivência que ainda restava foi cortada. Sinto muito em informar, mas fica pior: você precisa, de uma vez por todas, evitar as altas tentações. Aquela garrafa de Johnnie Walker na prateleira da sala do seu chefe é tentadora, eu sei. Tão tentadora quanto falar com a pessoa pelas redes sociais, invadir seu Facebook para ver as novidades, perguntar aos amigos da pessoa se ela ainda fala de vocês dois. Você jamais esquecerá um amor enquanto se mantiver preso aos macro-detalhes da vida do amado. É difícil, é doloroso; mas, garanto, nada disso é pior do que descobrir, por sua própria curiosidade, que seu amado ama outro alguém. Se isso acontecer, seu coração doerá, e tudo que você mais desejará no mundo é jamais ter procurado. Você correrá de encontro à sua própria destruição, e esse é o momento em que o vício se torna realmente perigoso: larga sua vida, seus amigos, sua família, seu emprego, tudo isso porque descobriu que, ao contrário de você, aquela pessoa a quem ama já superou as águas-passadas. Olhe para uma foto dela no Instagram e seja forte o suficiente para não curtir, mesmo que isso lhe custe noites insones. Pare de colocá-la em cada linha que escreve, em cada música que ouve, em cada pássaro que vê. Pare de vê-la como parte integrante da sua vida: ela não é mais, nem precisa ser. Você tem milhares de partes importantes de vida para se preocupar, e se deterá na única pessoa que não quer estar contigo? Não acha isso um tanto masoquista?
E se nada disso resolver? De duas, uma:
a) Você é incorrigível. O vício te pegou de tal maneira que só a reclusão te ajudará. Tente internar a si mesmo: sair para uma viagem, mudar de ares, fugir da pessoa pelo tempo que for necessário. Superar esse amor será uma tarefa contínua: talvez, depois de anos, ainda terá que controlar seu coração, que sismará em bater mais forte toda vez que vir a pessoa que um dia amou. Será um longo caminho, e nem sempre será fácil continuar em frente. A pergunta é: quer deixar esse amor dominar sua vida, ou quer ser forte o suficiente para ter outros amores que o consumam tanto quanto, mas pelos quais valha a pena lutar?
b) Você não tentou de verdade. Enquanto os outros não viam, você tomou pequenas doses de álcool, fumou meio cigarro, encarou aquela foto por dois segundos a mais, postou uma música que a pessoa gostava de ouvir com você só para tentar relembrar ela dos bons momentos juntos. Viu a pessoa na rua e se permitiu, por alguns instantes, divagar sobre o que poderia acontecer se você desse oi. Permitiu-se secretamente bebericar aquele Johnnie Walker no bico da garrafa; encarou o número dela, pensando em telefonar. Se for assim, terá que começar do início, se não quiser que esse vício te consuma. Permita-se tentar de verdade, ou assuma que é fraco demais para ser feliz.

domingo, 7 de dezembro de 2014

É burrice entrar em negócios que serão certamente falhos. Burrice comprar uma briga perdida, começar algo que vá terminar mal de qualquer maneira. E isso me assusta, porque é exatamente o que estou fazendo; te amando, sabendo que. no final, sairei ferida.
Há duas possibilidades para esse enredo: na primeira, dá certo por um tempo. Se for assim, eu serei feliz até você cansar de mim e, então, sofrerei. Na segunda, não dá certo desde já, e eu antecipo o sofrimento sem memórias boas para guardar.E enquanto engulo o choro, com a visão embaçada, não sei qual das duas escolheria, se tivesse a chance. Elas me parecem terríveis, e eu não quero sofrer.
Mas, ainda assim, sinto que começo a te amar. Talvez, com cada célula do meu ser. Estou apavorada, perdida, sozinha; mas te amo mesmo assim, com todos os amores que já fui capaz de descobrir.
É burrice, eu sei: alguém sairá ferido, e esse alguém sou eu. Sou sempre eu. Serei eu daqui a vinte, trinta anos. Serei eu, até não ser mais.
Estou com medo.
Medo de você.
Você, com seu olhar doce,
doce ou amargo;
amargo querer.

Estou com medo.
Medo de te amar,
amar dolorosamente,
dolorosamente me entregar,
entregar também tudo que sinto.

Estou com medo.
Medo de ser ferida,
ferida como sempre fui.
Fui, e sempre serei,
serei até o fim da vida.
Você sabe que as coisas vão mal quando cinco minutos não são suficientes; quando quer horas, dias, uma vida, e ainda assim, acha pouco. Sabe que seu coração foi roubado quando sente o peito apertado porque os olhos do outro não brilham ao te ver. Sabe que foi rendida quando qualquer detalhe te causa preocupação. Sabe que ama quando percebe, pela maneira de escrever, que a pessoa não está bem.
Às vezes me pergunto o porquê de ser você. Por que, entre todos, justo aquele a quem não posso ter? Aquele cujo sorriso eu não causo? Aquele que sabe da minha fraqueza e se aproveita dela, sem piedade? E pisa no meu coração, não sei se conscientemente ou não. Dilacera, dilata, delata. Humilha, se passando por humilde. Pisa, aperta, mói.
Você sabe que ama quando pensa em se entregar, mesmo sem querer. Quando cada simples imagem te lembra do amor. Quando as lágrimas não se prendem aos olhos.
Sabe que ama quando se sente como eu. Sabe que ama, simplesmente por saber.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Poderia transformar nossas conversas em meus vícios. Poderia gravá-las, cada uma delas, para não mais esquecer; gravá-las no coração, com letras entalhadas por grandes escritores, com palavras rebuscadas e cercadas de sentimento.
O problema dos vícios é que eles devem ser alimentados, e já não sei por quanto tempo seria capaz de alimentar esse vício meu. Talvez por mais alguns anos, mas acho improvável. Mais certamente, por alguns poucos dias. E, depois, o que faço com essa alma viciada em ti, que tende a me habitar, inquieta desde sempre? Sabe, ela é uma hóspede barulhenta, mesmo contente. Como seria ela, se eu a viciasse e, de repente, a colocasse em abstinência? Seria capaz de viver sem que eu a suprisse? Será que essa alma encontraria outro vício?
Quem sabe, se viciasse em todas as vezes em que imagino teu sorriso ou, então, no teu olhar turbulento, cercado de inúmeros significados ocultos, esse olhar que guarda os mistérios do universo em seu brilho.
Não sei, nem me preocupo com isso, nesse exato momento. Agora, só me preocupo em não me viciar. Quero me manter limpa pelo tempo que for possível.
Certamente, tentar evitar o inevitável.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Já li cada linha umas tantas vezes, já absorvi cada palavra, e elas são quase parte de mim. De tantas vezes que elas repetiram-se em minha mente, já são velhas amigas; amigas traiçoeiras, desonestas, injustas.
Eu continuo tentando compreendê-las, e não sei se conseguirei algum dia. Só sei que tentei, tento e tentarei. Não sei por quanto tempo, nem em quantos vais-e-vens.
E minhas velhas amigas vem e vão, descompassadas e desordenadas, todas em minha mente, um tanto solitárias, buscando fuga de mim; e, se eu fosse elas, também fugiria. Está uma bagunça aqui dentro, impossivel habitar. 

terça-feira, 25 de novembro de 2014

O que você quer de mim, afinal? Quer um motivo para me amar? Ou isso tudo é algum tipo de jogo, e você está apenas esperando que eu te ame pare dar-lhe por vencido? Eu não consigo entender, e juro que estou tentando com cada suspiro que me resta. Só quero que me diga o que quer, para que eu possa parar de sofrer por algo que não tem fundamento, ou, então, para que lute por algo que vale a pena.
Só quero saber que rumo tomar: te esquecer o mais rápido possível ou acreditar que há mais entre nós do que simplesmente ilusão? Não posso simplesmente continuar caminhando sem rumo, em círculos, e esperar que você me dê motivos para ficar.
Eu não funciono desse jeito, não sei ser paciente. Não quando, desorientada, procuro qualquer foco de luz que me possa ser lançado, não quando corro o risco de ser a formiguinha debaixo do foco de luz da sua lupa.
Só quero um motivo: para desistir ou persistir.
Senão, em pouco tempo, não serei nada além de bagunça.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Meia noite e meia, e eu ainda encarando a janela aberta no canto da tela do computador. Sei exatamente por onde começar, sei o que dizer, sei a sensação disso. Meu medo é o final.
Você vai se silenciar. A última resposta será a minha. Eu ficarei frustrada, pensando no quanto te atrapalho.
Acho que meu coração vai explodir. Não consigo nem pensar em ti sem ir à loucura. Sei que o certo a fazer é dar o primeiro passo, mas falar é definitivamente mais fácil que fazer.
Preciso é esquecer de ti. Preciso de uma amnésia, de algo que te apague de mim. Está difícil assim, e tende a piorar, conforme o tempo passa.
Não quero enlouquecer. Por favor, me diga como evitar você em mim.

domingo, 23 de novembro de 2014

Fala comigo! Pelo amor de Deus, diz qualquer coisa! Me xinga, grita, reclama... Só fala. Fala, porque eu não consigo suportar esse silêncio. E tento, tento tanto quebrá-lo, mas é como se nada servisse para acabar com o frio que vem dele.
Então fala comigo, fala qualquer coisa, que eu te escutarei. Nada vai me abalar, porque nada é pior que esse silêncio gélido. Fala, e eu serei feliz.
Mesmo que me diga adeus.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Amar Como Você

Não escreverei textos sobre você que não falem de amor. Não há o que dizer, não há nada em ti que não envolva amor. Cada olhar, cada gesto, cada sorriso... todos eles repletos de amor, um amor puro, simples e único. "Amor que não se mede", direcionado a todos e a ninguém. Que é só seu, mas é do mundo. Que, de tão único, todos reconhecem. Especial desde seu início até seu fim.
O amor que você tem, todos querem conhecer. Quem me dera se o mundo todo pudesse amar como você ama, como é amado. Ah, a vida seria tão mais fácil, tudo pareceria tão mais bonito... Posso até imaginar um céu mais azul, o cheiro de chuva a entrar pela janela (mesmo quando há sol), o café que nunca fica frio, a conversa que nunca cai na mesmice. É como se, quando o mundo aprendesse a amar como você, tudo aquilo que nos aflige simplesmente desaparecesse, e só houvesse seu sorriso para ser o centro de tudo, o novo Sol, o novo "eu".
Gostaria de, um dia, aprender a amar como você. Queria entender a arte de irradiar amor a tudo e a todos, queria exercer o mesmo efeito no mundo, esse efeito dominó que é só seu; esse amor que atrai amor. Gostaria de ser digna de um amor desses algum dia, que é irremediável e irreversível. E único.
Amar como você é para poucos. Merecer esse amor é uma benção.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Me dou ao direito de sentir ciúmes de você. Das fotos que curte, dos sorrisos que dá, das pessoas que conhece; enquanto eu não for única para você, qualquer pessoa é uma ameaça.
Então sim, terei ciúmes de você, um ciúmes possessivo, que guardarei só para mim. Não é justo te culpar por algo que não existe, não é verdade?
Mas o ciúmes existe. E ele não irá a lugar nenhum, pelo menos não tão cedo.

sábado, 15 de novembro de 2014

Meu problema não é ir falar contigo, achar assunto para conversas ou coisas do gênero. É esperar que tu venhas, por medo de estar te atrapalhando, ou sendo extremamente chata; é ter medo de abusar e, por isso, esperar que tu tomes a decisão e inicie uma conversa, por mais boba que pareça.
E, não importa a conversa, não importa o assunto, eu sempre amo, pelo fato de ser tu.
Mas sou teimosa, não quero ser a aquela a te fazer enjoar de mim. Muito "correr atrás" normalmente prejudica; esse tipo de coisa só funciona se for mútuo. Então espero, e continuo esperando, e esperarei até não sei quando. Enquanto ainda houver paralelismos e elipses aos quais eu possa usar, nós continuamos desse jeito, eu continuo esperando.
Depois... Não sei e, por ora, não tenho nenhum interesse em saber.
As palavras estão aqui, me rondando, querendo sair. Me viro para os lados, e a cabeça no travesseiro não descansa. Abro o computador, encaro a tela em branco e nada me vem em mente. Parece que aquelas que perturbam meu sono e atrapalham meu raciocínio são palavras aleatórias, sem sentido, apesar de não sem valor. Ou, quem sabe, sejam tímidas.
Mas como posso descansar, como ficar tranquila, se as palavras continuam aqui? Não importa o esforço que eu faça, não importa quanto eu tente, elas simplesmente não me saem, e eu continuo a remoê-las, não sei por quanto tempo mais.
Vou enlouquecer, e esse momento não tarda a chegar. Eu sei que, mais cedo ou mais tarde, deixarei de lado minha lucidez. Mas a insanidade pode me fazer bem, afinal. Talvez então as palavras saiam de mim e eu, finalmente, consiga um instante de paz.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Estranho Plus Size

Sou estranha, sim. Estranha porque minha pizza favorita é a de brócolis, e porque eu sonho em ver o Fantasma da Ópera ao vivo. Porque leio, porque escrevo, porque respiro. Sou estranha porque curso na faculdade uma profissão que ninguém quer, escuto o que ninguém escuta, visto o que ninguém veste, sinto o que ninguém sente. Sou estranha porque não guardo as coisas para mim, e coloco para fora qualquer pensamento absurdo que me vem em mente.
Então sim, sou estranha, mas essa é a coisa que eu mais amo em quem sou. Tenho uma personalidade que não é pré-fabricada, nem sob-medida. Sou quem sou, e fim. Não quero ser igual a todos, já quis, mas não quero mais. Sei valorizar cada detalhe meu, mesmo os ruins, e o que mais poderia pedir?
Tenho orgulho de ter uma personalidade realmente única, porque o "normal" não cabe a mim, assim como nunca coube. Ser normal, para mim, é como aquele vestido que, de tão justo, não fecha. Quanto mais tento ser normal, mais o zíper emperra. Não me serve, não é do meu tamanho. A verdade é que eu sou grande demais para ser normal. Eu sou um Tamanho Especial em peculiaridades, um Plus Size de complexidades, um Extra GG em ser feliz. E adoro isso, adoro esse meu "tamanho grande" na arte de ser única; na arte de não ter vergonha de me conhecer, de admitir meus nuances. Sou Plus Size em autorrealização, eu confiança e em vontade de ajudar os outros. Sou Tamanho Especial em me erguer depois de um tombo, em seguir em frente e manter o sorriso superior a qualquer fracasso do passado, presente ou futuro. Sou tamanho 52 em amor próprio, e em orgulho de ser "estranha".
No fundo, acho que nunca uma "obesidade" foi tão bem vinda na vida de alguém.
E eu sou obesa em ser feliz.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Minha Vida com Murphy

Murphy me ama. Cheguei à conclusão de que sim, ele me ama. Minha vida inteira é regida pela Lei de Murphy, pelo "se algo puder dar errado, dará". É Murphy que dita como será meu dia, e não exagero quando digo que devo viver, por semana, três dias com meu companheiro.
Meu fiel escudeiro, sempre presente, sempre atuando. Murphy deve ser considerado o funcionário do mês na minha existência.
Só quero saber quando ele tirará férias.
"The best way to predict your future is to create it."
Abraham Lincoln

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Me pediram porque eu não escrevo sobre política, e eu respondi que não sei nada sobre o assunto. Foi quando me dei conta de que também não sei nada sobre o amor, e, ainda assim, vivo a escrever sobre ele.
Sei o que é apaixonar-se. Já cometi esse erro incontáveis vezes, todas elas sucedidas por decepções pequenas e fáceis de superar. Mas o que é amar? O que é sentir-se necessitada da presença de outra pessoa com tanta intensidade que até a ideia de não vê-la dói? Como é sentir-se como se não existisse sem a outra pessoa? O que significa perceber que os erros e pecados do outro te apaixonam mais e mais?
Eu não sei o que é amar, e não entendo de política. Evito discutir os dois assuntos sempre que possível. A diferença é que eu sei escrever sobre amar, sobre amor. De política, eu não entendo nada mesmo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Fico feliz em ver o sol iluminar meu jardim. Ontem passei a tarde inteira tomando chimarrão na varanda, escrevendo textos, pondo a mim mesma em dia, pensando em mim. Passei o dia respirando fundo, e o sol me fez realmente bem. Recarregou as baterias, e eu estou pronta para mais uma semana, quem sabe um mês.
Estou na reta final, aproveitando cada segundo, tentando confiar mais em mim. Deixando o sol me guiar toda vez que aparece, me fazer feliz aos poucos.
E que todos os dias sejam ensolarados no meu pequeno mundo particular.

domingo, 9 de novembro de 2014

Bagunça

"Você me bagunça e tumultua tudo em mim."
Você faz da minha vida um turbilhão, uma tormenta, um vendaval. E, ainda assim, é a única salvação, o porto seguro, a calmaria. Em meio a essa bagunça que é a minha vida desde que você apareceu, bagunça essa da qual é culpado, é você a única coisa que faz sentido. É o único ponto de sanidade na minha mente que você fez questão de enlouquecer.
Sou insana e a culpa é sua. Me transformou em uma bagunça que eu não sei arrumar.
Ah, se tu soubesses quantos dos meus textos são para ti, ou se tu ao menos soubesses que escrevo para ti, nem ao menos acreditaria. Talvez fugisses de mim, e eu entenderia. Quem mais ama só por amar? Quem mais ama sem nem ao menos conhecer? Quem, além de mim, se apaixona por palavras?
Te entenderia se fugisses de mim, ah, como entenderia. Talvez seja essa a situação mais estranha que tu já viveste, muito provavelmente o é. Então eu compreenderia se corresses para longe, e saberia me adaptar a ideia de não te ter. Até porque, não te tenho nem agora, porque o teria se soubesses o quanto te quero bem?
Fugirias, eu sei, e te deixaria ir. Não se deve prender aquilo que nunca foi teu.

Coisado

Está tudo "coisado", e a culpa é toda sua. Você "coisou" tudo que poderia ser "coisado" em mim.
Parece engraçado, não parece? Mas é a mais pura verdade. Sem nem se aproximar, foi capaz de me confundir e me fazer perder a razão. Já não sei o que sinto, não sei de mais nada. Estou perdida, confusa e desesperada. Não sei se sorrio cada vez que vejo você como um futuro, ou se me "atiro de um penhasco" por me deixar pensar assim. Simplesmente me admira que, depois de você, eu ainda saiba o meu nome.
Mas eu sei o seu. É tudo o que sei por ora. Seu nome, sua imagem, você.
Sou uma iludida incorrigível. Iludida e "coisada". E sem palavras, por simplesmente não saber o que dizer. Tudo que me vem em mente envolve você de alguma maneira; acho que vou acabar enlouquecendo.
E tudo por culpa sua: você tem a capacidade de me "coisar" como ninguém mais fez, mesmo que inconscientemente.
Idiota.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

I will do my best tomorrow, I swear. But, today, there is nothing I can do. The rain stills falling, my heart stills broken, the world stills running. Nothing will stop because of me and nothing will heal the pain.
I have an aching heart, suffering from an emotional ill. All because of you, and your love, that wasn't mine.

Sonhos

Continuo sonhando contigo. Nada de muito específico. Sonho ver teu sorriso ao vivo, o brilho dos teus olhos. Sonho em ser o motivo de uma das tuas risadas, em poder bagunçar o teu cabelo até tu reclamar. Em receber um bom-dia esporádico, talvez até raro, mas que me faça sorrir por dias a fio.
Sonho acordada, o tempo todo, desde que tu invadiu minha mente. Te vejo passando por mim na rua, e a ilusão é doce. Te sinto presente aonde quer que esteja, e a mera imagem de ti me faz querer sorrir e chorar. Te vejo em cada carro, em cada esquina, em cada janela, mesmo sabendo que não é você.
Continuo sonhando. Sempre sonhando, sempre contigo. Até sabe-se lá Deus quando. Até eu sarar meu coração dessa doença chamada você.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Vejo meus textos se repetindo constantemente. Todos iguais, feitos na mesma forma.
Isso me assusta. Teria eu estagnado no tempo, ou estaria apenas cometendo os mesmos atos falhos que, um dia, prometi não repetir?
Mas eles se repetem, dez, cem, mil vezes, e levam junto meus textos.
E o meu coração.

domingo, 2 de novembro de 2014

Tu dá margem pra minha ilusão. É cruel, mas tu o faz mesmo assim. Espero que te sintas orgulhoso agindo assim, tendo total domínio sobre mim, dando vazão aos meus devaneios.
Porque só você me deixa assim. Esse sentimento é exclusivo, e tão único quanto cada respirar.

domingo, 26 de outubro de 2014

Amarga Democracia

Foi dia de democracia no Brasil. Votei no meu candidato, um voto amargo, a contragosto, exalando decepção. Votei porque não tinha opção, porque anular um voto é "votar sem votar". Votei porque, entre dois candidatos que não apoio, escolhi o que "não apoio menos".
É difícil a política no Brasil. Estávamos entre dois candidatos tão parecidos que quase tivemos que escolher entre "saias ou calças". Que falavam a mesma língua, mas não falavam nada, porque durante tanto tempo, preocupavam-se mais com destruir os impérios do outro do que com, de fato, construírem os seus.
E votamos, todos nós. Escolhemos, e o gosto ainda é amargo. Mas optamos por seguir como estamos, demos uma nova chance para o antigo. E agora observamos o futuro, com olhos marejados, divididos ao meio. E esperamos por mudanças, que talvez nem venham a acontecer.
Ah, esse povo brasileiro, sem escolha, sem voz, sem vez.

sábado, 25 de outubro de 2014

Como você se sente?

Lendo os textos que um dia te escrevi e vendo que tudo aquilo é nada além de passado, como você se sente?
Sabendo que você jogou fora a chance de ser qualquer coisa que não "mais um", como se sente?
 Percebendo que jogou fora todo um futuro, que não deu ao mesmo nem ao menos a chance de existir, como você se sente?

Como você se sente sabendo que é tudo culpa sua?
Como se sente?

Porque eu me sinto bem.
Muito bem.

domingo, 19 de outubro de 2014

Amanhã é o dia dos sorrisos, dos abraços, dos "parabéns". É aquele dia no ano em que todas aquelas pessoas que raramente se lembrar de mim, me telefonam e congratulam-me pela pessoa que sou. Ah, eles mal me conhecem, como podem me dizer qualquer coisa sobre quem sou eu?
Mas, amanhã, isso vai acontecer. E eu vou sorrir de volta e agradecer. Várias e várias vezes. Até que se acabem as pessoas. Então, simplesmente irei dormir.
E tudo começará outra vez. Mais um ano de esquecimento, até o dia em que tudo se repete.
Ah, o vício escondido nesse ciclo...

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

"Bom dia! Pode me servir de um café?"
"Com ou sem açúcar?"
"Amargo. E com gosto de melancolia."
"O senhor há de me desculpar, mas não servimos esse sabor. Aqui, não há."
"Sempre há melancolia, em qualquer lugar. Basta procurar pela despensa."
"Então, é sem açúcar e com melancolia?"
"Para levar, por favor, porque beber aqui não dá tempo."

terça-feira, 14 de outubro de 2014

E, em breve, outro ano. Um a mais ou um a menos? Não importa. O mundo ainda gira, tudo ainda muda. Tudo menos eu.

Logo Eu

Às vezes, me pergunto o motivo pelo qual só escrevo sobre amor. Justo eu! Que experiência tenho sobre esse assunto? Logo eu, que nunca sequer consegui entender o que significa amar alguém.
Acho que é um assunto fácil, já discutido de todas as maneiras, já posto em todos os papéis, e não é difícil simplesmente jogar palavras aleatórias em uma tela em branco sobre assuntos dos quais você tanto ouviu falar. E não há, no mundo, assunto mais comentado do que as dores do amor.
Então, continuo. Escrevo sobre o que não conheço, e, quem sabe um dia, quando chegar a minha vez, saberei o que fazer.
Provavelmente não.

Fotografia

Quero uma foto contigo. Não sei porque, mas nesse momento, surgiu-me na cabeça a necessidade de uma fotografia de nós dois. Simplesmente preciso. Parece que, se tiver uma foto, é porque aconteceu, e nada poderá mudar. O problema em questão é: não aconteceu, pelo menos não ainda, não fora de minha mente. E eu sou criativa demais, o que vem de minha mente geralmente não é crível.
Ainda assim, quero uma imagem de nós dois. Nesse momento, parece algo importante para se ter. Apenas uma foto, para provar que é possível, ainda que não o seja.
Sou uma fingidora, uma mentirosa.
Não para os outros.
Para os outros, não minto, não finjo.
É a mim que iludo, a mim que engano.
Porque me monto em uma ilusão
e deixo que ela me guie.
E depois... bem, depois, espero que dê certo.
Senão, sigo em frente.
Faz parte.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Escrevo, mas há algo que continua aqui, pressionando o peito. Antigamente, escrever costumava ajudar, aliviar a angústia. Agora, há isso, que não sei definir, que insiste em permanecer, mesmo depois de tantos textos. Acho que estou ficando louca, ou, então, preciso de uma dose mais forte da medicação.
Apesar de não saber se qualquer medicina poderá ajudar a curar algo que não é do corpo.

domingo, 12 de outubro de 2014

Conversa

"Por gentileza, você pode deixar o recinto?" Eu perguntei a ti.
"Ainda existem coisas aqui as quais preciso fazer." Você respondeu, calmamente.
"Mas agora?" Insisti. "Por que não volta outro dia?"
"Não sairei daqui até que faça o que tiver que fazer!"
Eu estava cansada. Só queria que aquilo terminasse.
"Por favor, rapaz, apenas retire-se e tudo ficará bem."
"Tenho certeza" Você disse "de que tudo ficará bem, independente de minha partida."
"Mas é mais fácil se você não estiver aqui, entenda."
Você me olhava, e eu podia sentir que estava determinado a não ceder.
"Tenho direito de permanecer aqui, uma vez que foi você quem me pôs para dentro." Você respondeu.
"Não há nada que eu possa fazer para que você saia?" Tentei, talvez pela última vez. "Por que insiste tanto em ficar aqui, afinal?"
"Saiba que, com o tempo, eu certamente sairei. Agora, todavia, preciso permanecer aqui. É importante para mim e para ti. Pode não parecer, mas tudo isso fará sentido muito em breve. Só preciso ficar."
E, por fim, eu desisti. Jamais conseguiria te tirar da minha cabeça, de qualquer maneira. A discussão já estava perdida antes mesmo de começar.
Só espero não enlouquecer até que, por fim, você saia por conta própria.
Escrevo aqui, mas queria dizer diretamente a ti. A certeza de que jamais verá essas palavras reconforta, mas assombra na mesma medida. Queria ter a chance de te dizer que, em meio ao meu caos, tu é a calmaria, do silêncio a poesia, da escuridão a estrela guia. Tu me completa e me desenha, me faz e me desfaz.
E sinto medo. Medo de que, se souber disso, será só mais um. Outro que vem e que vai, sem deixar nada para trás. E eu ficaria devastada se assim fosse, porque, na verdade, é como se um pedaço de mim ficasse em ti, contigo, por ti.
Então não te digo nada. Apenas escrevo aqui, onde sei que jamais lerá, e me escondo. É melhor, mais fácil, mais seguro. Pelo menos até ter certeza de que, por ti, vale o risco.

sábado, 11 de outubro de 2014

Se der certo, eu me rendo. Deixo de dizer que sou perseguida pelo azar e passo a acreditar que todos podem ter um pouquinho de "the lucky one". Se der certo, eu me finjo de louca, chuto tudo pro alto e vou ser feliz. Se der certo, eu me rendo. Se der certo.

Silêncio

Inacreditável. Faltam em mim as palavras, e Deus sabe que isso não costuma acontecer. Na verdade, o sentimento é tanto que nada pode expressar. Então me calo, e apenas observo o tempo passar ao meu redor.
Acho que não estou acostumada ao silêncio. Ele me incomoda, tagarela como sou. E, agora, não sei o que dizer. Mas não, isso não é ruim, porque em meio ao caos que se instala em minha mente, este é, em dias, o único momento em que o silêncio é bom. Talvez seja o motivo.
É, definitivamente, é o motivo.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O Violinista

O som do violino... Nada no mundo se compara à sensação de ouvir um violino tocando. E eu o ouço, ah, como ouço. Ouço como se a vida possuísse trilha sonora, como se tudo se resumisse àquele ressoar. Tão belo, tão magnífico... Tão louvável...
A maneira como a música pode dizer tanto sobre uma pessoa ainda me assombra. Aterrorizada, eu observo meu violinista à janela, observo enquanto ele faz de cada sonata uma parte de si próprio. Cada detalhe, cada trejeito, ah, como eu amo. Amo seus dedos a acariciarem o instrumento, transformando o silêncio na mais bela música... E só de olhar, já imagino dez, quinze anos de história do que, algum dia, pode acontecer.
E enquanto o violino me guia, eu vejo o mundo que me cerca, e lá está meu violinista. Vivendo, transformando outros silêncios em música, fazendo por outros o que ele faz por mim. Vejo outras pessoas que, nele, encontrarão o conforto que ele me traz. Vejo outros a observarem carinhosamente cada nuance que o cerca. Consigo até sentir os olhares, tão abismados quanto o meu, vendo meu violinista fazer da música uma parte de si, em tal intensidade que quase não dá para imaginar um sem o outro.
E, de fato, não dá. É impossível haver música sem o meu violinista, nem meu violinista sem música. Isso porque eles foram feitos um para o outro. Os dois se completam, e o resultado disso é a mágica que os cerca, é o montante de cores que ele consegue criar em um mundo preto e branco, apenas com o toque suave de seus dedos na madeira escura do violino. Ele materializa sua própria alma e a dá de presente àqueles que tem a sorte de o ouvir tocar.
E não importa quanto tempo passe ou quantos quilômetros separem nossos destinos. Não importa saber que, algum dia, ele será o violinista de outro alguém. Nada disso muda o fato de que, por algum tempo, ele foi meu violinista, e era a mim que sua música seguia.
Sempre será o meu violinista, e sempre será o seu violino a me embalar.
Cansei de títulos. E de fotos. É difícil ser organizado quando seu interior é uma bagunça.
Não se pode pôr para fora aquilo que não existe por dentro.
Há destinos destinados a cruzarem-se inúmeras vezes, e não se cruzam. Há histórias que, por conveniência, deveriam se entrelaçar, mas não o fazem.
Às vezes acho que, se é pra ser, não será. O mundo conspira, muda tudo, e a gente aceita. E vive. E como vive.

Contador de Histórias

E como nas páginas de um livro, me perco em minha própria história. Como quisera ser a autora deste desfecho, para ter o controle de cada linha, desfazer o que não me agrade e escrever o final que sempre quis.
A sina da pessoa que escreve é ter o controle da vida de todos os personagens, mas constantemente perder o controle de si próprio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Confuso

Queria te amar da maneira que você gostaria de ser amado. Gostaria de sentir aquele frio na barriga, aquela "coisa louca", difícil de definir. Queria, e como queria, te fazer feliz.
É uma pena que a vida não é feita de querer, que querer não é poder, que poder não é dever. Principalmente porque, mesmo que quisesse te amar, alguém autodestrutiva como eu jamais seria capaz de te fazer sorrir como você merece, mostrando todos os dentes, sincero mesmo antes de nascer.
Não sei se deveria te amar, mesmo querendo. Mesmo sabendo que, por um momento, isso te faria feliz. Quanto vale uma felicidade momentânea diante da catástrofe iminente?
Por outro lado, se o mundo acabasse, pelo menos eu teria te visto sorrir.
Confuso. Sempre foi, sempre será, nada mais que confuso.

domingo, 5 de outubro de 2014

Mais Uma Vez

E quando eu penso que acabou, conto até dez e tu aparece de novo. Eu olho ao redor, orando para não te ver, e, de alguma maneira, tu me rodeia, aparece, me incendeia. Incendeia o sentimento que eu jurava não mais existir. Ah, quantas vezes isso já aconteceu? E quantas mais irão acontecer? Te vejo muitas vezes, vezes demais, e mesmo jurando a mim mesma que você não surte mais efeito em mim, é inegável o bater acelerado do meu coração quando você está aqui.
Queria que tu sumisse. Que se mudasse, que não existisse, que fosse embora. Ao mesmo tempo, não sei se algum dia me acostumaria com a ideia de nunca mais te ver, porque no fundo, tua ausência me perturba. Prova disso é a forma como eu reajo toda vez que te vejo, após hiatos que são longos demais, sofridos demais, mas que eu ignoro. É mais fácil ignorar, olhar para frente, respirar um pouco mais. Mas a falta da totalidade, a falta do não-sentir, está sempre comigo. Quase acredito que, mesmo depois de anos, isso continuará acontecendo. E mesmo quando eu estiver com alguém que me faça feliz, alguém que me faça sorrir e valorize tudo o que há de mais simples em mim, sempre que tu estiver aqui, eu ainda me sentirei como na primeira vez.
Tenho medo disso, ah, como tenho. Mas há partes de nós mesmos das quais não podemos nos desfazer, e eu não estou pronta para deixar você ir. Nunca estarei, não completamente. Porque, no fundo, tu é aquele que me vem à cabeça sempre que eu penso no que significa amar. Momentaneamente, intensamente, dolorosamente. Até que eu ignore outra vez.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Os Vários Nós

Não queria me ver em você... Ah, mas eu me vejo, e vejo junto tudo que há para ser visto. Nós.
Se houvesse um "nós", seriam menos nós a desatar. Não seria tão difícil quanto abrir uma noz a dentes, certamente nem tão duro. Talvez não fosse tão doce quanto as balinhas de gelatina que eu teimo em comer, mesmo sabendo que elas grudam nos dentes, mas que mal há? E, igual às balas, quanto acaba, eu quero mais. Quero ver mais, quero sentir mais. Quero mais nós, e menos nós. Cada qual com seu sentido, cada qual no seu lugar.
Mas, afinal, para quê sentido quando se trata de você? O importante é que me vejo mais em ti do que a qualquer outro na TV.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Bon Vivant

O destino, esse bon vivant, teima em me jogar de volta aos seus pés. Ah, como queria poder dizer que a vida não se resume mais a ti... Mas toda vez que te vejo, mesmo que se passem meses, a sensação é a mesma: eu flutuo, me envolvo, me entorno. Como uma pipa a tribular pelo céu, me sinto livre, antes mesmo de perceber que há algo que me segura presa ao chão. E cada partida, tão dura, tão cruel, tão constante... É um ciclo vicioso, uma elipse, e o centro de tudo isso é você. Sempre você.
O bom de nós dois é que, antes de começar, eu já sei o final. Me poupa as milhares de noites sem dormir, as expectativas, os fracassos. Sei que nada será como eu sempre sonhei, e, bem por isso, já não sonho mais. Se tu ao menos imaginasse quanta dor isso me poupa, entenderia o porquê de eu temer tanto a tua presença.
Não minto quando digo que, apesar de tudo, meu ser por completo deseja nunca mais te ver. Meu corpo treme toda a vez que tu chega, e meu impulso é sempre o de correr para longe de ti. É contraditório, mas qualquer contradição é melhor do que o sofrimento que vem depois. E a cada novo "não", a cada novo "nada", eu me arrependo de não ter fugido. E o amaldiçoo por, mais uma vez, se fazer presente em mim. Como você sempre faz.
Mas o destino, esse bon vivant, continua brincando com aquilo que sobra de mim. Faz parte do que resume a vida, e eu até já me acostumei. Até porque, quanto mais vezes eu te ver, mais textos restarão, mais de mim entregarei ao papel.
Nada é de todo ruim, afinal. Principalmente quando se trata do meu bon vivant.

Pueril

O que antes me definia, agora não passa de lembrança. É como se, ao findar de mais um dia, eu fosse diferente. Talvez seja porque, agora, estou sem ti. De novo. Meus sonhos pueris, tanto quanto minhas ilusões, me enganam e me iludem, e mais uma vez, o que sobra são os fragalhos.
Sempre tento consertar aquilo que nunca foi correto. Por algum motivo, e sabe lá Deus qual, pensei que fossemos "para ser", me convenci de que "a segunda vez é para valer". Ah, tão pueril... Pueril como as flores de outono, como as páginas inacabadas de textos que faço questão de guardar... Pueril como só eu mesma sei ser, e só quando se trata de ti.
Deixo as notas clássicas me embalarem, me perco nas memórias e tento me esquecer de que ainda não te esqueci. Não sei quando esquecerei. Mal sei se esquecerei. Mas enquanto a música me rodeia, pelo menos não penso, e não pensar é, por vezes, mais fácil do que tentar entender. Ah, mas que pueril sou eu. Que errante, serva dos próprios caminhos, dos próprios vícios, serva de ti. Ah, tão pueril... como só eu sei ser.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Páginas

Estranho começar o dia com um recado teu. Se bem me lembro, não faz tanto tempo assim, nem lembrava meu nome. Que estranha é a vida.
Será que amanhã isso se repetirá? Será que não passa de um devaneio qualquer? Ou é verdade que as coisas mudam sem nos avisar de antemão?
Pois bem, esperemos para ver. Não adianta começar um livro pelo final. O melhor mesmo é ler cada página e ficar com gostinho de quero-mais, aguçar a curiosidade, animar a expectativa. E, se amanhã, ao acordar, eu receber o teu recado... Bem, então é uma página a menos. Ou, quem sabe, uma a mais.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Escritores de Facebook

Ah, a internet. Capaz de transformar qualquer mero mortal em um gênio da arte, intelectual, espirituoso em sua essência. As redes sociais, então, tem o poder de dar asas à incontáveis almas poetas. O que não é necessariamente uma coisa boa. Simplesmente porque todos podem ser poetas, mas nem todos deveriam. E o mundo está sendo dominado por um batalhão de pseudo-escritores capazes de atrocidades inimagináveis. É uma epidemia, ainda desconhecida pela humanidade, ainda incurável. Ou quase.
Existem dois quesitos básicos para se ser um escritor, ou, pelo menos, um aspirante à escritor: o primeiro é ter um pensamento formado, um argumento, criticismo; o segundo, tão importante quanto o anterior, é um conhecimento básico da língua na qual se redige.
Tratemos do segundo caso neste primeiro momento, para fazermos as coisas diferentes dessa vez. Não é necessário conhecer cada regra, esmiuçar as gramáticas do idioma, ser qualquer coisa próxima a um "guru linguístico", mesmo porque, qualquer linguagem é complexa demais para que alguém chegue ao menos perto de uma compreensão total. A questão é que os "Escritores de Facebook" nascem em plena Era Google, a ferramenta mágica na qual, mesmo que tudo esteja grafado de maneira terrível, os resultados aparecem. Com a sugestão da grafia correta logo abaixo da busca, mas quem, afinal, precisa de correção? Novamente, não é que se deva saber cada palavra com precisão, mas escrever em um idioma e, simultaneamente, criar uma língua própria, não é a coisa mais saudável do mundo.
Mas passemos ao primeiro quesito (que, aqui, é o segundo. Quem precisa de sentido?). De que adianta se ter uma grafia impecável (difícil nos dias atuais, mas ainda existente, acreditem) se os argumentos não são inovadores ou, então, críticos? Pontos de vista de massa não precisam ser defendidos, muito menos esplainados. Todos estamos carecas de saber aquilo que qualquer vizinho é capaz de repetir de maneira fervorosa porque viu na televisão. O que precisamos, meus caros, é de criticismo, análises, eruditismo. O que precisamos são pessoas que não tenham medo de pensar. Senão, nenhuma palavra bem escrita salvará o que for colocado em palavras.
Se você chegou até aqui, é um sobrevivente, não está preso na Era Facebook. Pelo menos, não completamente. O fato é que redes sociais (e, em especial, o Facebook, berço da grande maioria de pseudo-escritores atuais), quando bem usadas, surtem um efeito positivo. E por bom uso, não me refiro à compartilhar frases da Clarice Lispector de maneira viral como se, alguma vez na vida, já a tivesse lido. O fato é que essas redes nos permitem dar asas à tudo aquilo que ninguém quer saber, mas que, para nós, precisam ser ditas. Mas, como álcool ou cartões de crédito, devem ser usadas com sabedoria, astúcia e moderação. Senão, o efeito pode ser catastrófico. E não queremos mais pseudos, não é?

domingo, 20 de julho de 2014

Espelhos

E estamos em frente a um espelho, eu e tu. Nos vemos, mas não nos enxergamos. Quem são aqueles que nos encaram com tanta dúvida quanto nós mesmos? A quem pertencem aqueles dois pares de olhos, vidrados a nos observar, enquanto pensam em quem somos nós?
Não sei. Há tempos não sei quem somos, não identifico quem um dia fomos. Dizem que essas coisas acontecem, que vivemos tempo suficiente para não nos reconhecermos, mudando um dia após o outro, nos tornando completamente distintos passados apenas alguns meses. Eu acho que é verdade. Acho que mudamos, e mudamos muito, ao ponto de não sermos os mesmos que nos olham do espelho.
Pelo menos é o espelho, não uma fotografia. Se fosse uma imagem de dois, talvez três anos, poderia julgar nunca ter nem ao menos nos visto antes. Não somos os mesmos, não somos iguais.
É, nós definitivamente mudamos. E nem sempre é para melhor. Só nos resta então o espelho, e todas as perguntas que ele nos traz.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Conselhos

As pessoas me procuram sempre que não sabem o que fazer. Pedem conselhos, me contam suas histórias, esperam ansiosamente para que eu mostre a elas a "luz no fim do túnel". Querem que eu saiba que caminho eles devem seguir, querem que eu os compreenda e os auxilie. Sempre me procuram para ajudar a arrumar a bagunça que invade suas vidas e lhes tira o sono.
Pobres humanos. Ah, se eles ao menos soubessem a bagunça que me resume...

As Muitas Coisas Que Odeio em Você

Odeio teu jeito maroto, tua maneira de fazer piadas com tudo, de não levar nada a sério. Odeio quando tu olha nos meus olhos e ainda é capaz de mentir descaradamente, e mais ainda quando eu acredito. Odeio tantos aspectos em ti que, se fosse contar, passaria um dia inteiro fazendo uma lista, e a cada dia que passa, mais um motivo para te odiar aparece, bem em frente aos meus olhos.
Mais um item para a minha lista.
E, mesmo assim, eu só sei te amar. Que coisa estranha é a vida.

Real

Durante o tempo em que me senti o "Patinho Feio", sempre houve em mim algo que clamava desesperadamente por mais. Queria me sentir viva, feliz, queria ter a certeza de que me amava, mesmo não sendo aquela garota de capa de revista, com barriga malhada e sorriso planejado.
Hoje gosto da cor dos meus lábios quando tiro o batom vermelho. Gosto da maneira como, do nada, eles se transformam em um sorriso. Gosto do fato dos meus grandes olhos negros se transformarem em duas pequenas fendas enquanto minha barriga dói de tanto rir.
Aprendi a valorizar os pequenos detalhes de uma maneira tão intensa que, olhando de perto, eles parecem ter mais valor do que qualquer outro. Não se pode ganhar todas, não se pode existir sem defeitos.
A tua vida só muda depois que tua cabeça mudar primeiro.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sonhei

Impossível falar de sorrisos e não lembrar de ti, o dono do sorriso mais lindo que já vi. Essa noite, sonhei com o teu sorriso. Sonhei que tu vinha, com teu jeito manso e tua conversa profunda, de quem já me conhece há décadas, e o sol batia no castanho quase loiro dos teus cabelos. Teus olhos sorriam também, mas acho que jamais te vi sorrir sem que os olhos acompanhassem a harmonia daquela visão. Sonhei que tu pegava na minha mão e o resto do mundo ao nosso redor se esvaia, perdia o foco, e éramos eu, tu e todas as possibilidades do mundo.
Sonhei que tu me falava sobre a vida, enquanto teu braço passava por sobre meus ombros. Tu dizia que eu era tua, que fazia parte de quem és, e que nada no mundo mudaria o fato de que o que sentíamos duraria por, pelo menos, uma vida. Por alguns instantes, até acreditei que tudo aquilo fosse verdade, juro que sim. Acreditei que tua voz doce cantava para mim tudo aquilo que eu sempre quis ouvir, e naqueles instantes, fui a pessoa mais feliz do mundo. Ou, pelo menos, do meu mundo.
Não há nada de errado em deixar-se levar pelos sonhos. Eles nos permitem alegrias que, fora dos mesmos, não seriam sentidas. São a mais bela e pura forma de felicidade, e por muitas vezes, nós os esquecemos.
Quem sabe sonhar contigo seja o mais perto de ti que eu jamais chegarei. Pois é, a vida tem dessas coisas.

A Chuva

Um café quente, um sorriso frouxo, o som dos pingos batendo nos vidros da sala de estar. Embaixo do cobertor, com um livro aberto ao meio, um sonho em construção. Formas, milhares delas, girando ao meu redor. E a chuva, ah, a chuva, essa não se deixa esquecer.
Nesse momento, tu faz muita falta. O café é menos quente; o sorriso, menos frouxo. Mas a chuva continua, intacta, exatamente como seria se tu estivesse aqui.
Sinto o cheiro do teu perfume na almofada do meu sofá, aquela na qual tu costumava deitar enquanto falava dos sonhos que tinha para nós dois. Esses sonhos, que agora estão mais distantes do que nunca, e que eu espero que não sonhes junto a mais ninguém. Eram nossos. Eram. Não são mais.
Mas a chuva, apesar de tudo, continua a cair. Independente do teu perfume, da tua ausência, da minha saudade, ela só segue o seu rumo em queda livre, sem nada para impedi-la de chegar ao fim de sua jornada. E, quanto toca o chão frio, deixa de ser chuva, e o seu ciclo se renova.
A pergunta é: E o amor, se renova? Quando acaba, simplesmente tem fim, ou se transforma em outra coisa? O amor, o nosso amor, é como a chuva ou como o livro? E, se for o livro, qual será a página final?

terça-feira, 20 de maio de 2014

Tu

E tu, que nem daqui és, chegou de cantinho, fazendo ninho no meu coração. Tu, que viestes de longe, e de tão bem que te escondes, nem ao menos vi chegar. Tu, com teu jeito risonho, com teu olhar tristonho, com teu jeito de amar. Tu chegas, e eu não sou mais eu; partes, e eu me parto em mil pedaços; voltas, e tudo volta contigo.
Lembro-me até hoje da primeira vez que te vi. Parecia que, de lugar nenhum, tu surgias, e já me conhecias como mais ninguém. E tu me cantavas, me encantavas, e eu me deixava levar, me deixava sonhar. E foi bom enquanto durou, apesar de durar muito pouco para ser algo, muito pouco para se formar.
Por que retornar agora, quando meu coração se curava das feridas que tu abristes? Por que, justo agora, que tu não passavas de uma lembrança? Eu te esquecia, e agora retornas. Sem pedido, sem aviso, causando reformas nos meus sentimentos. Tu chegas e eu sinto meu coração palpitar novamente, daquele jeitinho que só acontece contigo.
E tu, que vens de longe, abrindo uma brecha nas minhas muralhas, quebrando o gelo em torno de mim, tornando-te mais próximo do que qualquer um já chegou. Sem palavras, só entrastes, e eu me vi perdida novamente em ti.
Estou ficando louca. Pouco importa. Só abrirei a porta, te deixarei entrar. E se resolveres ficar, simplesmente aceitarei. E, é claro, serei feliz pelo tempo que durar.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O Mal do Século

O mal do século é amar mais às coisas do que às pessoas e preocupar-se mais com a realização do que com o processo para atingi-la. Focamos no final e esquecemos do percurso, e esse é o nosso maior pecado, o crime que nos leva à guilhotina de nossa própria autopiedade. E por mais que não nos creiamos passíveis de autopiedade, ela está sempre conosco, esgueirando-se pelas sombras, esperando o momento em que notemos que tudo que fizemos foi um aglomerado de pontos de interrogação sem a menor pretensão de serem respondidos.
Somos vítimas de nós mesmos, de nossa ânsia por algo que não podemos dominar, algo que nos leva a crer que nada é útil ou importante, até que tudo de "útil e importante" tenha passado por nós, e os tenhamos deixado fugir sem ao menos tentar correr atrás. Nosso mal é acreditar que viveremos eternamente, ou pelo menos por tempo suficiente para consertarmos todos os nossos erros quando tivermos coragem para o mesmo. Isso nos dá uma cota de centenas, talvez milhares de erros sem correção mentiras sem perdão, perguntas sem respostas.
E intermináveis "e se". Uma lista gigantesca e imensuravelmente frustrante de "e se". E se? E se? E se?
É uma pena que um "se" não valha de nada nesse mundo de viciados na frieza, viciados na impessoalidade. Nesse planeta de incontáveis errantes que simplesmente se recuram a acertar. Dominados, todos nós, pelo novo mal do século. O mal de quem se recusa a amar.

Essência

Acordar sem um "bom dia", ir dormir sem um " boa noite"... Sabe, às vezes é difícil não ter alguém para dizer que ama. Não digo isso pela carência, mas sim porque há certas coisas na nossa vida que queremos compartilhar, e poucas pessoas te compreenderão tão bem quanto alguém que te conhece verdadeiramente e por inteiro.
Seria bom, em alguns momentos, saber que alguém pensa em ti quando ninguém mais está pensando, ou que, na vida de uma pessoa, você faz a mínima diferença. Seria bom ter a certeza de que, ao cair, teria alguém para levantar-te sem cobrar nada em troca, e saber que não precisaria ser cobrado pois, de qualquer maneira, não hesitaria nem por um instante em erguê-lo também quando o mesmo lhe acontecesse.
É tudo questão de ter alguém que jamais estará um passo à frente, nem um passo atrás, mas ao teu lado, valorizando cada pequeno detalhe teu como se até teus defeitos te tornassem a pessoa mais maravilhosa do mundo. Como se você não fosse a única existente, mas a única essencial. Como se, por alguns instantes, você fosse a essência do que quer dizer o amor.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Trejeitos

E aí aparece tu, tu e teu jeito manso, tua conversa tranquila, sem pressa, sem tempo e sem fim. Tu vens e, por um segundo, eu não sou mais quem era antes. Sou uma extensão de ti, encontro em mim algo que nem mesmo conhecia. Me renovo, me refaço, e tu continuas ai. Os mesmos trejeitos, o mesmo nome, e alguém novo a cada instante.
Tu vens e já não vejo quantos minutos se passam. Espero por cada resposta, cada sinal, cada nuance, porque sei que, assim que aparecem, elas me fazem conhecer melhor aquela que eu mesma sempre fui. Não é como se tu me mudasse, mas sim como se me conhecesse tão bem que até teus gostos são iguais aos meus, teus interesses me interessam também, e de alguma maneira absurda, tu me completas em vários sentidos que ninguém jamais foi capaz de fazer.
Só quero a certeza de que não estou enlouquecendo, ou que tu não és assim com mais ninguém além de mim, porque não quero me iludir como tantas vezes antes. Sou boba, crio histórias enormes dentro de uma frase, e novamente estou fazendo isso. Mas a culpa é tua e só tua. Tua e dessa tua tranquilidade, do aguardo, da sensação que tu me traz de que não temos data de validade, que a vida não é tão curta quanto parece e que temos todo o tempo do mundo.
E talvez tenhamos mesmo. Pelo menos por alguns instantes.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Tempo

Já diz Luis Fernando Veríssimo, "para os amores impossíveis, o tempo". Só o tempo. Tempo para esquecer, para superar, seguir em frente. Para amar melhor depois de perceber que não é para ser. O tempo necessário para se perceber que nem todas as coisas tolas serão capazes de fazer com que se concretize, e que às vezes querer não é o suficiente.
Talvez o amor não seja impossível, de qualquer maneira. Mas quando ele soa como café frio pela manhã, sabemos que algo precisa ser mudado. E esse algo é o tempo. Queremos tudo para agora, para hoje, no máximo amanhã, e isso acaba nos fazendo jamais ganhar. Porque as coisas precisam de tempo para acontecer, tanto no amor quanto na dor.
E, para os amores impossíveis, o tempo. Tempo para deixarem de ser impossíveis. Para se transformarem em reais, ou simplesmente deixarem de existir. Quando estiverem no passado, as lembranças restarão, mas não haverá a necessidade do tempo. Porque, para o passado, o tempo já não é mais importante. O que contam são os segundos em que sorrirmos. Mas só podemos começar a sorrir a partir de agora.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Por Ser Tu

Eu tentei. Esperei, quase até orei para que tu viesses até mim, e cara, foi tão perto que eu quase pensei que estivesse sonhando. Ai, tu desiste no meio do caminho. E eu fico me perguntando o porquê.
Não sei como tu interpreta os sorrisos que te dou, e que nem ao menos são voluntários. É só que eu te vejo e simplesmente não consigo deixar de sorrir, como se tu tomasses o controle dos meus lábios sem ao menos tocá-los. E é engraçado eu ver a mesma coisa acontecendo contigo, e mesmo assim, te esperar quase com a certeza de que estou esperando em vão.
O pior de tudo é que eu te espero! Digo para mim que te esqueci, que tu já és passado, mas tu voltas a cada tanto e me mostra que, meu Deus, eu não consigo te esquecer! Posso passar o resto de meus dias tentando te superar, mas sempre haverá algo em mim que tamborilará sempre que eu te vir passar. E quando me olhas... ah, aí eu me perco, me entrego, me esqueço de mim. Ai, só existe você, e eu me permito imaginar tudo que poderíamos ser se não fossemos nós dois, e se tu não fosses quem é, e se não fizesses o que fazes, e se eu não fosse tão boba.
A vida tem dessas coisas, tem desses dias, tem dessas histórias. A vida me engana e eu me deixo enganar. Me ilude e eu me deixo iludir. Me perde e eu me deixo perder. E, no meio disso tudo, tu. Eu orbito em ti, e a verdade é que, passe cem ou duzentos anos, isso nunca vai mudar. Tu sempre estarás em mim. É melhor eu aceitar.

Querer

Queria você de presente de aniversário. Queria seu abraço apertado, seu sorriso sincero, seus sonhos junto aos meus. Poder pegar na sua mão e te ver sorrindo por minha causa é provavelmente uma das melhores coisas que posso imaginar para a minha vida. Isso porque você me completa de maneiras que eu nem ao menos compreendo, nem julgava ser possível.
Às vezes me pego a pensar no motivo pelo qual seu olhar doce se tornou tão essencial para mim. Posso até imaginar seu cheiro, ou o doce toque de sua mão contra a minha. Quase sei exatamente a sensação de te ver olhando nos meus olhos, tão próximo que posso sentir sua respiração, enquanto sorri e diz que eu sou única, de uma maneira estranha que só nós compreendemos. Esses pequenos momentos têm habitado meus sonhos há meses, me impedindo de dormir direito, me impedindo de simplesmente esquecer.
Só queria você para a vida inteira, para o tempo todo. Queria você para ser meu "Para Sempre". No final, ninguém jamais se encaixou tão bem em mim quanto você.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Minha Luta

Meu corpo todo treme insistentemente, pedindo para eu sair correndo sem olhar para trás, esquecer tudo e seguir em frente. Sei que deveria evitar os danos futuros, e a razão me pede para partir antes que seja tarde demais. Mas meu coração, ah, meu coração... Esse me pede para ficar mais um pouco, para ficar para sempre. Pede para que eu ignore todos os meus motivos e me jogue em teus abraços uma vez mais, e então mais uma, até que você se canse de me abraçar.
Sinto essa luta em mim, e minha mente se torna o campo de batalha. Me machuco no processo mas, ainda assim, as duas faces de mim são teimosas demais para se darem por vencidas. E eu, cansada e ferida, observo distante a destruição iminente que você causou em meu ser.
E lá vão elas, razão e emoção, batalhando pelo controle de meus atos. Se de um lado está minha consciência, e sei que é a este que devo obedecer, de outro está meu coração, decidido a ferir-se ao invés de simplesmente desistir. Não me deixa dormir, não me deixa pensar. Não sem antes me fazer perceber que ainda vacilo ao pensar em te deixar para trás.
O pior é saber que partir é o certo a se fazer mas, mesmo assim, não ter a força e a coragem necessárias. Vacilo a cada passo, adio o adeus, arranjo desculpas bobas e motivos para evitar a despedida, e isso me consome e me corrói. Me faz mal, e qualquer um percebe, mas mesmo assim insisto em dizer que ainda há esperança.
Não sei se isso é verdade, e temo jamais descobrir. Quem sabe, no meio dessa guerrilha, na qual sei que vou perder mais do que ganhar, eu me torne mais uma sobrevivente, mais uma dessas pessoas que vivem às sombras de algo que um dia ad preencheu.
Ou então aprendo a escolher, me decido de uma vez, e com sorte, simplesmente te deixo partir. No final, isso é o certo a se fazer.

domingo, 2 de março de 2014

Desnecessidades

Não corro mais atrás de quem não faz por merecer. Não sei o que fiz de errado, e não sou adivinha. Não tenho como prever o futuro, também não faço regressão. Se algo te fez mal, chega e diz, não faz joguinhos, porque aqui ninguém é criança. Não tenho tempo para tentar desvendar reações de quem nem mesmo merece meu esforço.
Não corro mais atrás de quem não faz por merecer. Não preciso disso para a minha vida. Preciso de café, de livros, de histórias, de memórias. Tudo o que eu não preciso é de me preocupar com as pessoas que não dão um dedo por mim, que se fazem de amigas e depois me chutam, sem mais nem menos. Não preciso de piedade, de perdão, de raiva injustificada.
Só preciso de paz, e isso só encontro com quem quer mesmo me fazer feliz.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Por Você

Você fala sorrindo como se soubesse o quanto eu amo teu sorriso. Quando eu me sinto caindo, lembro de ti e, por alguns instantes, esqueço todos os problemas. Sempre me disse que é tudo questão de ponto de vista, e que cada coisa tem seu lado bom. Às vezes tento duvidar disso, mas é impossível, você não me permite negar.
Estranha essa distância, quilômetros e mais quilômetros, que me separam desse teu olhar complacente, desse teu amor pela vida, de tudo que te rodeia. E mesmo assim, dia após dia, me vejo mais perdida em ti, mais ansiosa por fazer parte disso tudo, por talvez compreender o que te torna tão incrível em cada pequeno detalhe.
Mas por ti, esqueço a distância, esqueço o impossível, e aproveito para sonhar. Pode ser que seja meu único ato, que sonhar seja a única coisa que eu possa fazer. É até provável que o futuro não nos reserve nada, e duvido que eu algum dia viesse a ter tanta sorte. Mas até isso tem seu lado positivo, e você me ensinou a procurá-lo. Pelo menos eu posso sonhar, e é muito melhor do que não poder.
E enquanto há sonho, há esperança. Pelo menos para mim.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Está em Cada Detalhe


Há algum tempo, li em algum lugar que "o amor é a arte de demonstrar em pequenos gestos aquilo que grandes frases não são capazes de fazer". Lembro de ter pensado em como nunca havia lido nada tão verdadeiro em toda minha vida. Concordo que, às vezes, amar pode trazer alguns espinhos, mas acredite, quando se ama de verdade, todo espinho é suportável apenas pela beleza da rosa.
Deixando as metáforas de lado, percebi que as pessoas encontram a dificuldade naquilo que é tão fácil. Demonstrar amor não se trata de presentes caros, favores, doações e horas de dedicação. Qualquer minuto de devaneio é suficiente para mostrar o quão importante a outra pessoa é.
Há certas demonstrações de amor que fazemos sem perceber. Quando ouvimos uma música e enviamos para a pessoa dizendo "pensei em você quando ouvi", mostramos que estávamos pensando nela. Quando colhemos uma flor na beira da estrada no caminho da volta do trabalho e entregamos a quem amamos, estamos deixando claro que nos importamos com ela. Quando acordamos e dedicamos trinta segundos da nossa manhã para enviarmos um "bom dia, meu anjo" para aqueles que amamos, eles percebem que pensamos neles desde de manhã. Só o fato de querer saber como foi o dia da pessoa antes de reclamar do seu já é dar a entender o quanto nos preocupamos com sua felicidade. Essas coisas, todos esses pequenos gestos, que não levam mais que cinco minutos por dia, podem mudar a semana inteira da pessoa amada. Uma pequena demonstração de carinho por dia é muito mais valioso que um anel caro no aniversário de namoro, um relógio de marca no natal ou um buquê de rosas vermelhas no dia dos namorados. Essas coisas perdem o sentido com o tempo, mas os pequenos gestos diários não. Esses relembram a cada dia o motivo pelo qual amamos e somos amados na mesma medida, e o sentimento cresce a cada dia mais.
Não se permita ligar "amor" aos bens materiais, aos jantares caros, aos fins de semana dedicados um ao outro, às férias de verão. O amor é muito maior do que isso, e, ao mesmo tempo, muito menos complicado. É o "espero que tenha uma boa noite", é o "eu estava pensando naquilo que você me disse outro dia...", é o "aluguei aquele filme que tu me disse que queria assistir no cinema, mas nós não pudemos ir" e o "li aquele livro que você tanto ama só para poder conversar com você". Esses pequenos gestos, que podem ser feitos na volta para casa, no ônibus, na folga para o café. O amor é tudo isso, o amor é cada uma dessas coisas. É o café que você fez só porque sabia que ela iria passar na sua casa para pegar o carregador do celular que esqueceu no seu quarto. É simples, requer pouca doação e faz toda a diferença.
Acredite, vai ser gratificante perceber que cada pequeno gesto desses arrancará um sorriso dos lábios de quem ama todo o dia, e você vai querer fazer isso pelo resto da sua vida.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Confusão

Eu não sei. Só preciso de uma explicação, saber o que está acontecendo aqui. Estou tão perdida, tão confusa... É como se, por tua culpa, tudo no que eu acreditei desabasse aos meus pés. E eu queria ser forte com relação a ti, queria ser firme, me manter em pé... Mas cada movimento, cada linha, tudo me leva a crer que você me molda a sua maneira, e eu permito, simplesmente porque o que sinto é algo indescritível e porque você sabe exatamente como fazer com que eu me sinta no céu.
Me desculpa por não ser forte, firme na minha decisão de te tirar de vez de mim. Me desculpa se cada linha é um arranjo a mais, e se nenhuma delas é capaz de justificar ou me fazer entender a que passos vamos e onde queremos chegar com esse joguinho idiota. Me desculpa por não ser menor que meu orgulho, por não deixar que ele me fizesse forte o suficiente para nunca mais pensar em ti. Juro que tentei, mas certas coisas são tão difíceis, até mesmo para mim.
Não sei o que sou, o que somos, o que seremos. Me admira que eu saiba meu próprio nome nesse momento, e só sei que não sei de mais nada. Você bagunça minha cabeça, e eu só quero que entenda que eu não quero isso para mim. E, ao mesmo tempo, quero. Na verdade, tudo que quero é me entender. Sem me entender, eu jamais nos entenderei, e essa confusão não terá  fim.
Pensando bem, não sei se algum dia teria.